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Trump pode cancelar licenças de canais que criticam seu governo

Enquanto impõe sanções ao Brasil alegando proteger a liberdade de expressão, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, ameaça revogar as licenças de rádios e TVs que fazem críticas ao seu governo.
Durante seu embarque no Reino Unido com destino a Washington na quinta-feira (18), Trump afirmou a jornalistas que a agência responsável pelas licenças de emissoras deveria reavaliar as permissões concedidas a canais que se dedicam exclusivamente a criticar sua administração.
“Quando uma rede e seus programas noturnos só fazem críticas a mim, não trazem nada positivo, só me prejudicam com publicidade negativa, ainda assim continuam funcionando. Acho que talvez essas permissões deveriam ser suspensas”, declarou Trump.
Ele sugeriu que a decisão fica nas mãos do líder da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, que ele descreveu como patriota e forte defensor do país. “Vamos aguardar para ver”, completou.
Essa declaração aconteceu em meio a uma reação contra opositores do governo após o assassinato do apoiador de Trump, o extremista de direita Charlie Kirk, morto a tiros durante palestra em uma universidade em Utah.
Após pressão da Casa Branca, a emissora Disney ABC suspendeu temporariamente o programa do apresentador Jimmy Kimmel, conhecido crítico de Trump. Kimmel havia feito comentários sobre Tyler Robinson, o assassino de Kirk, e sobre o movimento político MAGA (Make America Great Again).
O chefe da FCC, que controla as licenças, pediu que as afiliadas da ABC tomassem atitudes e indicou que poderiam fazer isso pela via fácil ou difícil.
Na quarta-feira (17), Kimmel criticou o grupo MAGA por tentar dissociar o assassino da ideologia do grupo e politizar o crime.
Nos Estados Unidos, há um debate intenso sobre o perfil do homicida, suas motivações e posições políticas.
A suspensão do programa gerou críticas de democratas e organizações civis que veem a medida como ameaça à liberdade de expressão. Protestos foram realizados em frente à ABC.
Para a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), a ação do governo Trump veio logo após o presidente processar o New York Times e outras entidades por reportagens desfavoráveis.
Christopher Anders, diretor da Divisão de Democracia e Tecnologia da ACLU, afirmou que outras emissoras também alteram sua programação devido à pressão governamental. Segundo ele, o governo Trump tem abusado de seu poder para controlar quem pode expressar suas ideias e opiniões, representando grave risco às garantias da Primeira Emenda.
Comentando sobre o fim do programa de Kimmel, Donald Trump afirmou que ele foi afastado por falta de talento, e não por liberdade de expressão.
No plano internacional, enquanto o governo Trump enfrenta acusações de restringir a liberdade de expressão nos EUA, ele sanciona o Brasil e ameaça usar força militar para defender a liberdade de expressão no país.
A imposição de 50% de taxação sobre parte das exportações brasileiras e sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes são justificadas, em parte, por supostos ataques à liberdade de expressão por parte da oposição e restrições contra redes sociais americanas.
O governo dos EUA acusa o STF de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão por tentativas de golpe, associação criminosa e outros crimes, por tentar influenciar chefes militares a suspenderem as eleições presidenciais de 2022 para se manter no poder.
As investigações indicam que parte dos planos para anular as eleições incluíam a intenção de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

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