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Futuro dos palestinos será foco na ONU

Mais de 140 líderes ao redor do mundo irão se reunir em Nova York na próxima semana para a Assembleia Geral das Nações Unidas, que este ano terá como tema central o futuro dos palestinos e a situação em Gaza.
Um dos líderes que não estará presente fisicamente é o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que teve seu visto americano negado por Washington, impossibilitando sua participação presencial com sua equipe.
No entanto, a Assembleia Geral autorizou que Abbas faça sua participação por videoconferência.
A grave crise humanitária que atinge o pequeno território palestino será o principal assunto dos debates, dois anos após o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Arábia Saudita e França irão copresidir a partir de segunda-feira encontros sobre a chamada “solução de dois Estados”, que visa a coexistência pacífica entre palestinos e israelenses.
É esperado que durante esse encontro vários países, especialmente a França, reconheçam formalmente o Estado palestino, após a recente aprovação esmagadora na Assembleia Geral de um texto apoiando um futuro Estado palestino, desde que o Hamas não exerça o poder.
Segundo o analista do International Crisis Group, Richard Gowan, este reconhecimento terá um forte valor simbólico que pode ter impacto real se os países continuarem a pressionar Israel para encerrar sua campanha em Gaza.
Gowan alertou também sobre a possibilidade de retaliações e escalada por parte do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que discursará na Assembleia e reiterou que não aceitará um Estado palestino enquanto estiver no poder.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, se posicionaram contra o reconhecimento.
Todos os olhos estarão voltados para o presidente americano, Donald Trump, durante o discurso de Abbas. A reunião anual mobiliza grande parte de Manhattan devido às medidas de segurança rigorosas com comboios e escoltas.
Trump reduziu drasticamente a ajuda externa dos EUA, afetando agências da ONU justamente em um momento em que as necessidades humanitárias crescem.
As Nações Unidas, enfrentando uma séria crise financeira e múltiplos conflitos pelo mundo, completaram discretamente 80 anos em meio a questionamentos sobre sua eficácia.
Federico Borello, diretor interino da Human Rights Watch, afirmou que o sistema multilateral está sob uma ameaça existencial, destacando que leis internacionais perdem força quando países poderosos, inclusive membros permanentes do Conselho de Segurança, cometem ou são cúmplices de graves violações do direito internacional humanitário, como ocorre em Gaza e em outras regiões.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo por ações eficazes sobre Gaza, Ucrânia, Sudão e mudança climática, ressaltando que a população mundial espera respostas à altura dos desafios enfrentados.
O presidente da Síria, Ahmed al Sharaa, será um dos participantes notáveis entre os cerca de 140 líderes, que incluem o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente iraniano Masoud Pezeshkian. Ele receberá atenção especial após a derrubada de Bashar al-Assad por suas forças e diante dos desafios da reconstrução no país após anos de guerra civil.
O programa nuclear do Irã está na agenda do encontro, já que sanções levantadas há uma década serão restabelecidas no final de setembro, após ação de países europeus que acusam Teerã de violar acordos sobre suas atividades nucleares.
Na última sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o restabelecimento destas sanções após acusações do Reino Unido, França e Alemanha contra o Irã.
Guterres e Lula organizarão uma cúpula climática na quarta-feira, onde alguns países poderão anunciar novas metas para redução de emissões de gases poluentes, semanas antes da COP30 que será realizada no Brasil.

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