Economia
Banco Central da Argentina volta a atuar no dólar; estima-se intervenção de US$ 700 milhões

Após dois dias consecutivos injetando grandes quantias no mercado cambial para conter a alta do dólar, analistas indicam que o Banco Central da Argentina pode ter realizado mais uma ação significativa para controlar a cotação no mercado atacadista.
Segundo o jornal local Ámbito, a quantia liberada nesta última sexta-feira pode ter alcançado cerca de US$ 700 milhões.
Entre quarta e quinta-feira, o gasto foi de US$ 432 milhões, e estima-se que as reservas líquidas do Banco Central estejam atualmente próximas a US$ 6 bilhões.
Santiago Resico, economista da corretora one618 Group em Buenos Aires, comentou à Bloomberg que para manter a banda cambial até as próximas eleições, o governo precisaria dispor de cerca de US$ 9,75 bilhões. Ele ressalta que esse valor elevado pode obrigar a administração a alterar a política cambial.
Na sexta-feira, o dólar no mercado atacadista fechou cotado a US$ 1,475, aumento de cinquenta centavos em relação ao fechamento anterior, com volume recorde de negociações à vista de US$ 842,676 bilhões, o terceiro maior do ano.
A cotação acumulou alta de US$ 22 durante a semana, somando-se a um crescimento de US$ 98 na semana anterior.
Já no mercado varejista, o dólar foi negociado a US$ 1,515 nas bolsas do Banco Nación, valor recorde e 1,3% superior ao fechamento do dia anterior.
Na quinta-feira à noite, o ministro da Economia Luis Caputo reafirmou a continuidade do plano econômico do governo, garantindo que não serão feitas alterações de direção mesmo após o Banco Central realizar duas rodadas seguidas de venda de dólares para tentar segurar a moeda.
Caputo declarou no programa Las Tres Anclas, transmitido pelo canal governamental Carajo: “Vamos vender até o último dólar no teto da banda”.
Na terça-feira, o Banco Central vendeu US$ 53 milhões no mercado cambial, conforme dados oficiais sobre reservas internacionais divulgados à noite. Essa foi a primeira intervenção desde a adoção do regime de banda cambial, que busca flexibilizar o mercado de câmbio, anteriormente fortemente controlado pelo governo há décadas.
A necessidade de novas intervenções cambiais representa um desafio para o presidente Javier Milei, que enfrenta queda na popularidade e indicadores econômicos negativos. Na quarta-feira, também foi divulgado que o Produto Interno Bruto da Argentina recuou 0,1% no último trimestre.

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