Argentina suspende taxas de exportação de grãos até 31 de outubro

O governo da Argentina declarou, nesta segunda-feira (22), a suspensão das taxas sobre a exportação de grãos até o dia 31 de outubro, conforme comunicado do porta-voz presidencial Manuel Adorni na plataforma X.

A medida visa aumentar a entrada de dólares no país, que atualmente busca um empréstimo do Tesouro dos Estados Unidos para cumprir obrigações financeiras e estabilizar o mercado econômico.

O presidente Javier Milei tem uma viagem programada aos Estados Unidos, onde encontrará o presidente americano Donald Trump durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na terça-feira.

A economia argentina enfrenta uma queda cambial persistente, que se intensificou após a derrota do governo peronista nas eleições legislativas da província de Buenos Aires em 7 de setembro.

Esse revés eleitoral, onde o governo perdeu por quase 14 pontos, compromete suas chances nas próximas eleições legislativas nacionais marcadas para 26 de outubro.

O Congresso recentemente rejeitou um veto presidencial, aprovando uma lei que aumenta os fundos destinados às pessoas com deficiência, contrariando a estratégia de contenção de gastos do presidente Javier Milei.

Este setor está sob investigação judicial devido a suspeitas de corrupção ligadas a Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência.

Paralelamente, discute-se a revogação de outros vetos para elevar os recursos à saúde e educação, o que pode resultar em novos reveses políticos para o governo.

Esses acontecimentos causaram forte desvalorização do peso e queda nos mercados de ações e títulos financeiros.

O ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou recentemente que o governo está disposto a vender quantidades ilimitadas de dólares para manter o peso dentro das margens de flutuação definidas.

Para isso, o Banco Central já disponibilizou mais de 1 bilhão de dólares nas reservas na última semana, refletindo num aumento no índice de risco-país para mais de 1.400 pontos, segundo o JP Morgan.

Para estimular a venda externa de grãos, o governo havia reduzido as taxas sobre esses produtos em julho. No caso da soja, principal produto de exportação, as alíquotas foram diminuídas de 33% para 26% para os grãos e de 31% para 24,5% para os produtos derivados.