Mundo
ONU inicia cúpula climática após críticas de Trump

Líderes de 118 países se reúnem em Nova York nesta quarta-feira (24) para discutir ações contra as mudanças climáticas, em um evento que não contará com participação dos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump ter chamado o aquecimento global de uma “farsa” no dia anterior.
Li Qiang, primeiro-ministro da China, fará a abertura da reunião na sede das Nações Unidas, onde mais de cem nações apresentarão seus planos para enfrentar o aumento das temperaturas globais.
Na véspera, Trump criticou a luta contra as alterações climáticas durante seu discurso na Assembleia Geral, classificando-a como “a maior farsa já feita contra o mundo”, acusando previsões de temperatura de serem obra de “indivíduos tolos que fizeram seus países gastarem fortunas” e afirmando que as energias renováveis não têm a eficácia dos combustíveis fósseis.
A China, responsável por cerca de 30% das emissões globais de gases do efeito estufa, anunciará uma meta histórica de reduzir suas emissões até 2035. Até agora, o país não havia se comprometido a cortar o dióxido de carbono, um dos principais gases que causam o efeito estufa, mas prometeu chegar ao pico de emissões até 2030, o que aparenta estar alcançando antes do prazo, graças ao crescimento da energia solar e veículos elétricos.
Enquanto muitos países desenvolvidos já atingiram o pico de emissões há décadas, eles ainda não possuem um plano concreto para alcançar a neutralidade de carbono em 25 anos.
Segundo Li Shuo, do centro Asia Society, a expectativa é de que a China defina uma meta de redução conservadora, em torno de 10% ou menos, para os próximos dez anos. Apesar de modesta, essa meta indicará o comprometimento do país com a cooperação internacional na questão climática. A China se consolidou como uma superpotência em tecnologias ambientais.
Desafios para a COP30
O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou à reunião somente os países que se comprometerem a atualizar suas metas climáticas até 2035 — uma exigência do Acordo de Paris de 2015. A maioria dos membros, com exceção de poucos, como Irã e Líbia, deve apresentar suas atualizações a cada cinco anos.
No entanto, muitos desses compromissos são considerados insuficientes ou estão atrasados, como é o caso da União Europeia, onde França e Alemanha impediram que um plano mais ambicioso fosse divulgado a tempo.
A atenção, portanto, se volta para a China, cujo cronograma de metas permitirá recalcular a trajetória global antes da próxima cúpula climática, a COP30, marcada para novembro em Belém, Brasil — um evento que promete ser desafiador. Conforme afirma Ana Toni, diretora-geral da COP30, as conferências refletem as tensões geopolíticas internacionais.
Diplomacia e esperança
A ONU busca um equilíbrio entre o alerta sobre os perigos e a confiança nas soluções diplomáticas. Por um lado, Guterres admitiu que a chance de limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século está quase perdida, considerando que atualmente o aumento já é de 1,4°C em relação à era pré-industrial.
Por outro lado, Simon Stiell, diretor da ONU para o Clima, destaca que o Acordo de Paris de 2015 tem surtido efeito, pelo menos parcialmente. Sem a cooperação internacional, poderíamos estar caminhando para um aquecimento de 5°C. Atualmente, a previsão é de um aumento em torno de 3°C, o que, apesar de elevado, mostra uma tendência de melhora.
Parte desse progresso é atribuída à China, que apesar de ainda depender do carvão para metade de sua eletricidade, reduziu essa proporção de cerca de 75% há dez anos para níveis atuais, evidenciando o avanço em direção a fontes limpas.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login