Sindicatos franceses anunciam nova greve após encontro com primeiro-ministro

Sindicatos franceses declararam nesta quarta-feira (24) uma nova jornada de paralisações e manifestações marcada para o dia 2 de outubro. A decisão veio após não receberem respostas satisfatórias às suas demandas em reunião com o primeiro-ministro Sébastien Lecornu.

Na manifestação de 18 de setembro, participaram cerca de 500 mil pessoas, segundo dados oficiais, e mais de um milhão conforme o sindicato CGT, exigindo que o governo desista do plano de cortes nos serviços públicos e aumente a tributação sobre os super-ricos no orçamento de 2026.

Marylise Léon, líder do sindicato CFDT, destacou que, apesar do êxito da mobilização de 18 de setembro, esperavam por respostas claras do primeiro-ministro, que não foram apresentadas durante a reunião.

Até esta quarta-feira, os sindicatos aguardavam um posicionamento de Lecornu sobre suas reivindicações, que incluem a rejeição do projeto orçamentário do governo anterior, a elevação da taxação sobre grandes fortunas e a revogação da reforma que aumenta a idade mínima para aposentadoria para 64 anos.

Com a falta de avanços, as entidades sindicais confirmaram a realização de novos protestos em 2 de outubro. O primeiro-ministro tem buscado apoio dos partidos políticos para aprovar seu projeto orçamentário no Parlamento, embora o governo não detenha maioria.

Existe o risco de a proposta ser rejeitada, o que poderia levar à queda do atual governo de centro-direita, como já ocorreu com seus predecessores. Tal cenário agravaria a crise política que assola o país, intensificada pelas eleições legislativas antecipadas e por crescentes pedidos de renúncia do presidente Emmanuel Macron, cujo mandato vai até 2027.

O ambiente social permanece delicado, com grupos juvenis convocando novas manifestações e o principal sindicato do setor agrícola, FNSEA, promovendo protestos regionais na sexta-feira contra o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, dentre outras pautas.