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Abbas pede ajuda da ONU para criar Estado palestino após veto dos EUA

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Proibido de viajar para Nova York devido à recusa de visto pelo governo Trump, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, participou por videoconferência da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira.

O líder palestino fez um apelo aos países para tomarem medidas que cessem o genocídio na Faixa de Gaza, impeçam a expansão ilegal de Israel na Cisjordânia e possibilitem a criação do Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital.

Mahmoud Abbas apresentou oito ações para viabilizar o Estado palestino, denunciou os planos expansionistas de Israel na região, criticou o Hamas e afirmou estar disposto a colaborar com os Estados Unidos (EUA).

“Uma comissão foi formada para redigir uma constituição provisória que será finalizada em três meses, para que possamos avançar da Autoridade para o Estado. Queremos um Estado moderno e democrático que respeite o direito internacional, o Estado de Direito e o multilateralismo, além de garantir uma transição pacífica de poder”, declarou, ressaltando também o objetivo de “fortalecer mulheres e jovens”.

Israel já declarou que não aceitará a criação de um Estado palestino e continua a expandir assentamentos na Cisjordânia, enquanto intensifica o conflito em Gaza e busca a saída dos palestinos da região bloqueada.

O governo de Tel Aviv reivindica Jerusalém como sua capital, uma posição apoiada pelo governo de Donald Trump.

Em seu discurso na Assembleia Geral, Abbas fez duras críticas à política israelense e classificou o genocídio em Gaza como um dos capítulos mais terríveis da história humana.

“O que Israel está cometendo não é apenas agressão, mas crime de guerra e contra a humanidade, ambos documentados e monitorados. Será registrado como um dos mais horríveis episódios humanitários dos séculos 20 e 21”, lamentou.

ONU, diversas nações e entidades de direitos humanos classificam o comportamento de Israel em Gaza como genocídio.

Recentemente, países como Reino Unido, Austrália, França, Canadá e Espanha passaram a reconhecer a Palestina como Estado, provocando reações contrárias de Israel e EUA. Atualmente, 149 dos quase 190 países membros da ONU já reconhecem a Palestina.

Autoridade Palestina

A ANP administra cerca de 18% da Cisjordânia e foi criada após os Acordos de Oslo na década de 1990, que buscavam resolver um conflito de mais de 75 anos.

O Hamas controla Gaza desde 2006, após vencer as eleições legislativas palestinas reconhecidas internacionalmente. No entanto, Israel, EUA e potências europeias rejeitaram o resultado, levando a uma guerra civil entre ANP e Hamas que resultou na separação de Gaza e Cisjordânia.

7 de outubro

Abbas repudiou o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, afirmando que tal ato não representa o povo palestino, e defendeu que o Hamas não deve governar Gaza após a guerra.

“Rejeitamos as ações do Hamas que tiveram como alvo civis israelenses e os fizeram reféns, pois não refletem o povo palestino nem sua legítima luta por liberdade e autonomia”, afirmou o chefe da ANP.

Para Abbas, o Hamas e outras facções devem entregar suas armas à Autoridade Nacional Palestina, que não busca um Estado armado.

“A Faixa de Gaza faz parte integral do Estado da Palestina e estamos prontos para assumir plena responsabilidade pela governança e segurança da região”, acrescentou.

Cisjordânia

Mahmoud Abbas denunciou a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia como tática para impedir a criação do Estado palestino.

“O governo israelense continua promovendo políticas de assentamento e projetos que visam anexar territórios. Um exemplo recente é o plano E1, que dividiria a Cisjordânia e isolaria Jerusalém ocupada, comprometendo a solução de dois Estados”, explicou.

No mês anterior, Israel autorizou a construção de novos assentamentos no subúrbio de Jerusalém Oriental, isolando esta parte da cidade da Cisjordânia.

Abbas ressaltou que a ANP reconhece o direito de Israel existir e que os Acordos de Oslo foram prejudicados por sucessivos governos israelenses.

“Esforçamo-nos para construir as instituições de um Estado palestino moderno que viva em paz e segurança ao lado de Israel. Porém, Israel tem sistematicamente minado esses acordos”, declarou.

Ele também mencionou o projeto de criar a chamada Grande Israel, abrangendo desde o Rio Nilo ao Rio Eufrates, incluindo partes do Líbano, Jordânia, Egito, Síria e Arábia Saudita.

“O primeiro-ministro israelense anunciou esse plano, que rejeitamos totalmente, pois implica expansão em estados árabes soberanos”, afirmou.

Apesar do Estado de Israel não admitir oficialmente a Grande Israel, críticos apontam esse objetivo oculto do governo israelense.

Construção da Paz

Mahmoud Abbas apresentou oito propostas para alcançar a paz no Oriente Médio e possibilitar a formação do Estado palestino:

  1. Encerrar imediatamente e permanentemente a guerra em Gaza.
  2. Permitir ajuda humanitária irrestrita pela ONU, incluindo a UNRWA, e acabar com o uso da fome como arma.
  3. Libertar todos os reféns e prisioneiros de ambos os lados.
  4. Retirar-se completamente da ocupação em Gaza e rejeitar planos de deslocamento, parando a criação de assentamentos e a apropriação de terras palestinas.
  5. O Estado palestino deve assumir responsabilidade total, começando com a administração temporária da Faixa de Gaza, conectando-a com a Cisjordânia.
  6. Garantir que os habitantes de Gaza permaneçam em suas terras, implementando planos de recuperação e reconstrução em Gaza e Cisjordânia.
  7. Liberação dos impostos palestinos retidos injustamente por Israel e encerramento do cerco econômico e barreiras contra cidades e campos de refugiados palestinos.
  8. Apoiar reformas na Autoridade Palestina e promover eleições presidenciais e parlamentares dentro de um ano após o fim do conflito.
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