Economia
Ibovespa recua com cautela do BC, IPCA-15 em alta e NY negativa por incertezas sobre juros

O Ibovespa tem apresentado queda desde o início da sessão desta quinta-feira, 25, influenciado por um clima de cautela em relação às decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, após a divulgação de indicadores econômicos de ambos os países nesta manhã. Tanto o Relatório de Política Monetária (RPM) quanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) apontam para uma postura prudente do Banco Central na condução da política monetária.
Nos Estados Unidos, os pedidos semanais de auxílio-desemprego vieram abaixo do esperado, e o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre cresceu 3,8% de forma anualizada, conforme a terceira e última estimativa do governo, indicando uma atividade econômica vigorosa. Isso gera dúvidas sobre a rapidez e a magnitude dos cortes de juros no país, cujo processo teve início na semana passada.
A estimativa preliminar do PIB havia sinalizado um avanço de 3,3%, e os analistas aguardavam a confirmação desses números.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, comenta: “Os dados dos EUA indicam uma atividade forte em um cenário onde os dirigentes do Fed estão divididos quanto à política monetária. Isso não elimina a possibilidade de cortes de juros este ano, mas torna a previsão mais difícil.”
Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, observa que o Ibovespa ajusta parte dos ganhos recentes, depois de atingir 147 mil pontos na sessão de terça-feira, fechar em nível recorde e oscilar em torno de 146 mil pontos ontem.
Ele destaca: “O PCE cresceu um pouco mais rápido, em um mercado de trabalho aquecido, aumentando dúvidas sobre os cortes de juros esperados para este ano pelo Fed.” A projeção para um corte de 0,25 pontos percentuais em outubro caiu de 91% para 83%, diminuindo a expectativa também para dezembro.
O índice de preços dos gastos com consumo (PCE) nos EUA subiu 2,1% de forma anualizada no segundo trimestre, acima da leitura anterior de 2%, elevando a expectativa para o indicador mensal de agosto, a ser divulgado em breve.
No Brasil, o RPM e o IPCA-15 de setembro foram divulgados. O RPM indica que o Banco Central prevê manter o IPCA acima do centro da meta de inflação de 3% até, pelo menos, o primeiro trimestre de 2028, cenário que dificulta a expectativa de redução da taxa Selic em 2025.
Para o Itaú Unibanco, o RPM reforçou o sinal do último Comitê de Política Monetária (Copom) de que os dados atuais não justificam discutir cortes de juros no próximo ano. A Selic está atualmente em 15% ao ano.
O IPCA-15 subiu 0,48% em setembro, após ter recuado 0,14% em agosto, segundo o IBGE. A taxa ficou um pouco abaixo da mediana das expectativas, que era 0,51%. No acumulado de 12 meses, o aumento foi de 5,32%, contra 4,95% até agosto.
Carlos Lopes, economista do Banco BV, afirma que a inflação mantém uma desaceleração gradual, citando o bom desempenho recente com ajustes sazonais em alimentos, produtos industriais e serviços subjacentes, mas alerta que o índice de serviços continua elevado e preocupa.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta marginal, alcançando novo recorde.
Até as 11h34, o índice caía 0,31%, oscilando entre mínimas e máximas próximas, após abrir em patamar elevado.
No cenário externo, o petróleo registrou queda de cerca de 1,00%, enquanto o minério de ferro teve leve alta. As ações da Vale subiram, enquanto as da Petrobras recuaram moderadamente. A Petrobras recebeu aprovação do Ibama para a Avaliação Pré-Operacional no bloco FZA-M-59, localizado em águas profundas do Amapá, na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.

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