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Tenda de jornalistas palestinos bombardeada após encontro com Fenaj

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Um grupo de jornalistas palestinos na Cidade de Gaza teve sua tenda atacada por forças militares israelenses na tarde desta quinta-feira (25), logo após participarem de uma videoconferência com repórteres brasileiros organizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pelo Sindicato dos Jornalistas da Palestina e pela Embaixada da Palestina no Brasil.

No local, que servia como Centro de Solidariedade de Jornalistas em Gaza, estavam aproximadamente 20 profissionais.

Segundo o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, até o início da tarde não havia informações sobre vítimas, embora uma fonte árabe próxima à entidade sindical local tenha relatado que os jornalistas conseguiram escapar com vida.

A Cidade de Gaza sofreu enorme destruição devido às ações militares israelenses desde outubro de 2023, quando o conflito na região se intensificou.

Durante o encontro virtual, foram compartilhados relatos pelos líderes sindicais Naser Abu Baker e Tahseen al Astal, presidente e vice do Sindicato dos Jornalistas da Palestina, além de nove profissionais atuantes na Faixa de Gaza. Eles apresentaram dados que evidenciam que a imprensa palestina é um dos principais alvos do ataque israelense.

Dos cerca de 1,6 mil jornalistas registrados na Faixa de Gaza, 252 perderam a vida em ataques desde o início da ofensiva, 400 ficaram feridos e aproximadamente 200 estão detidos. Além disso, cerca de 600 familiares desses profissionais também morreram na guerra.

A jornalista freelancer Fidaa Asaliya, uma das que estavam na tenda atacada, declarou que os profissionais da imprensa palestina estão pagando um alto preço com suas vidas para transmitir a verdade ao mundo.

“Estamos no centro de solidariedade do Sindicato dos Jornalistas, sob constantes bombardeios que ameaçam nossas vidas, mas seguimos realizando nosso trabalho”, relatou.

De acordo com Fidaa Asaliya, a ocupação não distingue entre jornalistas, civis ou membros da resistência.

Relatos indicam que os profissionais que escapam da morte frequentemente têm suas casas destruídas, sendo forçados a se deslocar repetidas vezes em busca de abrigo. O jornalista Samir Khalifa contou que, durante 23 meses de ataques, já mudou de localização 18 vezes.

O Sindicato dos Jornalistas da Palestina afirmou que 647 residências de profissionais de imprensa foram destruídas pela invasão israelense.

Desde o início da ocupação israelense, há dois anos, aproximadamente 3,4 mil jornalistas foram proibidos de entrar na Faixa de Gaza, incluindo 820 dos Estados Unidos (EUA), principal aliado de Israel.

A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, explicou que a reunião teve como objetivo permitir que os colegas palestinos, que enfrentam assassinatos brutais, pudessem relatar a dura realidade da ofensiva que já causou cerca de 70 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.

Samira de Castro lamentou que Israel possivelmente tenha monitorado a reunião online e agido rapidamente para silenciar ainda mais vozes em sua campanha genocida e de limpeza étnica.

A conversa com os repórteres brasileiros, organizada pela Fenaj com participação da Agência Brasil, contou com grupos de jornalistas palestinos localizados em tendas improvisadas em dois centros, um em Khan Yunis, no sul de Gaza, e outro na Cidade de Gaza, que foi quase totalmente destruída pelos bombardeios israelenses.

A Faixa de Gaza é um território palestino sob constante bombardeio e incursões terrestres do Exército de Israel desde um ataque do grupo islâmico Hamas em outubro de 2023 que resultou em cerca de 1,2 mil mortos e 220 reféns.

O Hamas, que administra Gaza, afirma que o ataque foi uma resposta ao cerco de mais de 17 anos ao enclave e à ocupação dos territórios palestinos por Israel.

Desde então, os ataques israelenses causaram mais de 60 mil vítimas, destruíram hospitais, escolas e infraestrutura essencial. Um bloqueio nas fronteiras dificulta a entrada de alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária. Israel afirma que a operação visa resgatar reféns mantidos pelo Hamas e eliminar o grupo totalmente.

O conflito foi um dos principais temas da Assembleia Geral da ONU realizada recentemente em Nova York. Durante o evento, países aliados de Israel e EUA anunciaram reconhecimento oficial do Estado palestino, incluindo Reino Unido, França, Canadá e Austrália. O Brasil reconhece a Palestina desde 1967 e apoia uma convivência pacífica entre dois Estados, um palestino e um israelense.

Apesar da pressão internacional, o governo israelense afirmou que não aceitará a formação de um Estado palestino.

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