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Air France e Airbus enfrentam julgamento de recursos sobre acidente do voo Rio-Paris em 2009

A Air France e a fabricante Airbus irão iniciar um julgamento de apelação na França a partir de segunda-feira (29) por homicídio culposo relacionado ao acidente do voo Rio-Paris que ocorreu em 2009 e resultou na morte de 228 pessoas. As empresas haviam sido inicialmente absolvidas.
Em 1º de junho de 2009, o avião que fazia o trajeto do Rio de Janeiro a Paris caiu durante a madrugada sobre o oceano Atlântico, poucas horas após a decolagem.
O Airbus A330 transportava passageiros de 33 países, incluindo 61 franceses, 58 brasileiros, 2 espanhóis e um argentino. A tripulação era composta por 12 pessoas, 11 franceses e um brasileiro.
O tribunal de primeira instância em Paris absolveu a Airbus e a Air France da acusação criminal em abril de 2023, embora reconhecesse a responsabilidade civil das companhias.
O julgamento misturou análise técnica detalhada e as dores das famílias das vítimas. Foi constatado que ambas as empresas tiveram falhas, mas não foi possível estabelecer um vínculo causal direto com o acidente.
A Procuradoria-Geral recorreu da decisão, e o novo julgamento de dois meses terá início em Paris na segunda-feira, com previsão de término em 27 de novembro. A multa para cada uma das empresas pode chegar a 225 mil euros (263 mil dólares ou 1,4 milhão de reais).
Nos dias após a tragédia, partes dos corpos e destroços foram encontrados, incluindo um fragmento com as cores da Air France.
A fuselagem da aeronave só foi localizada dois anos depois, a cerca de 3.900 metros de profundidade.
As caixas-pretas revelaram que os pilotos ficaram desorientados devido ao congelamento das sondas Pitot que medem a velocidade, o que ocorreu durante a noite. Isso impediu que eles controlassem a queda que durou menos de cinco minutos.
A acusação solicitou a absolvição em primeira instância, mas a Procuradoria-Geral recorreu para garantir que os recursos legais sejam esgotados e o caso reexaminado.
Das 489 partes civis do primeiro julgamento, 281 aderiram ao recurso.
Alain Jakubowicz, advogado das partes civis, comentou que algumas pessoas desistiram, mas outras continuam buscando justiça e querem que a verdade seja esclarecida judicialmente.
Congelamento das sondas
A Air France é acusada de não fornecer treinamento adequado para pilotos sobre situações de congelamento das sondas Pitot e de não informar suficientemente suas tripulações, o que a companhia aérea nega.
No novo julgamento, a Air France reafirma que não cometeu crimes relacionados ao acidente, conforme comunicado à AFP.
A Airbus é acusada de minimizar a gravidade das falhas das sondas anemométricas e de não ter informado as companhias aéreas prontamente, o que a fabricante europeia também contesta.
A Airbus declarou que colaborará plenamente com o julgamento para esclarecer as causas do acidente, reafirmando seu compromisso com a segurança aérea.
O cronograma do julgamento indica que o primeiro mês será dedicado aos depoimentos de testemunhas e especialistas. Os representantes da Airbus e da Air France serão interrogados a partir de 27 de outubro.

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