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Centro-Oeste

Iluminação pública falha deixa cidades do DF às escuras

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Insegurança, medo, indignação e revolta são sentimentos comuns entre quem enfrenta, quase diariamente, a ausência de iluminação pública no Distrito Federal. Uma reportagem visitou diversos locais onde, à noite, só é possível ver os faróis dos veículos que passam pelas ruas.

Perto do Estádio Mané Garrincha, o autônomo Cleanto Araújo Ferreira, 47 anos, relatou que passa diariamente pela região e sempre percebeu a falta de luz pública. “A escuridão é um problema sério, especialmente nesta área”, afirmou. Ele explicou que a situação persiste há bastante tempo sem solução, com um breve período de iluminação ativa por cerca de um mês, depois interrompida. O problema afeta desde a entrada do autódromo até a sede do Detran-DF e o próprio estádio.

Cleanto Araújo disse que se sente inseguro ao passar por esses trechos e que, cerca de dois meses atrás, quase foi vítima de assalto. “Um homem apareceu do mato na minha direção, mas consegui mudar o caminho. Acho que ele desistiu porque passou uma viatura do Detran com a sirene ligada”, recordou o morador da Cidade Estrutural.

A sensação constante de insegurança permanece, mas Cleanto precisa seguir seu caminho para trabalhar, mesmo com medo e receios.

Na W3 Norte, próximo à 714, uma parada de ônibus só conta com iluminação graças a uma banca que fica atrás do ponto. A comerciante Maria Celizene, 51 anos, que tem o estabelecimento há mais de três décadas, explicou que, com o início das obras para revitalização das calçadas, os fios dos postes foram retirados, apagando as luzes. Para amenizar a escuridão, aumentaram o consumo de energia do comércio para iluminar o local, tanto para segurança própria quanto para as pessoas que esperam o ônibus.

A comerciante destacou a sensação de insegurança e relata que, em sábados à noite, costuma fechar as portas laterais e deixar apenas a frontal aberta por segurança.

No extremo oposto do Plano Piloto, o aposentado Arquibaldo Fraga, 77 anos, que mora na 715 Sul, convive com a escuridão em frente à sua casa. Alguns postes foram reparados, mas muitos continuam apagados. Ele enfatizou que, apesar de pagar a taxa de iluminação pública todos os meses, precisa lidar com essa situação desconfortável que gera insegurança.

A reportagem também visitou outras áreas do DF onde a iluminação é inexistente ou escassa, como no acesso à EPGU vindo do Eixão Sul, no Eixo W Norte, e em localidades de Ceilândia Norte, Águas Claras, Sudoeste e Guará 2, onde a escuridão preocupa pedestres e motoristas.

Sobre esses problemas, a Companhia Energética de Brasília (CEB IPes), responsável pela iluminação pública no DF, explicou que os principais motivos são os furtos constantes de cabos e equipamentos. As regiões da Asa Sul e Asa Norte, especialmente as quadras 700 e 900, são as mais afetadas por esses crimes, que se tornaram frequentes e dificultam a manutenção regular.

Até julho deste ano, foram furtados 57 km de cabos no Distrito Federal, representando um prejuízo de cerca de R$ 1,1 milhão—um aumento significativo em relação ao ano anterior.

A CEB informou que realiza reposição constante dos cabos e luminárias, mas que a quantidade de furtos ultrapassa a capacidade de manutenção imediata. Em locais como a 714 Norte, por exemplo, em 2024 foram registradas 20 ocorrências de furto, e 15 casos já ocorreram nos primeiros sete meses do ano.

Em relação à via próxima ao estádio, a CEB não encontrou registros recentes de falta de iluminação, mas enviará equipes para verificar in loco as denúncias recebidas.

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