Chanceler renuncia visto após EUA cancelar documento de presidente da Colômbia

Rosa Villavicencio, chanceler da Colômbia, renunciou voluntariamente ao seu visto americano nesta segunda-feira (29) como forma de protesto contra a revogação do visto do presidente Gustavo Petro. A decisão americana foi tomada após declarações do presidente colombiano contrárias ao governo de Donald Trump durante uma manifestação pró-Palestina.

O Departamento de Estado dos EUA anulou o visto de Gustavo Petro alegando que ele realizou “atos irresponsáveis e inflamados” em um protesto em Nova York contra a ofensiva militar israelense em Gaza, ocorrido logo após sua participação na Assembleia Geral da ONU.

O governo Trump acusou o presidente colombiano de incentivar os manifestantes a desobedecer soldados americanos e promover violência.

Em solidariedade ao presidente, a chanceler Villavicencio anunciou a renúncia definitiva ao seu visto americano como um gesto de resistência.

“Ele apenas defendeu o pacifismo”, afirmou a chefe da diplomacia colombiana em entrevista coletiva. “Se pelo simples fato de ser pacifista você perde o visto, muitos de nós também somos, e por isso renunciamos ao documento”, completou, justificando sua atitude como uma demonstração de dignidade.

Na mesma linha, o ministro do Interior colombiano, Armando Benedetti, declarou que outros membros do governo também podem abrir mão dos seus vistos em apoio ao presidente. Benedetti já teve seu visto americano cancelado duas vezes anteriormente.

Gustavo Petro tem sido um crítico contundente do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a quem chama de “genocida”. Ele apelou para que as nações do mundo unam forças com um exército superior ao dos EUA para defender os palestinos, propondo ainda a criação de uma lista de voluntários colombianos para essa causa, assegurando que se alistaria pessoalmente.

Em 2024, o presidente da Colômbia rompeu relações diplomáticas com Israel devido à ofensiva militar em Gaza, que foi uma resposta aos ataques do grupo Hamas em 7 de outubro de 2023.

Petro e Trump têm uma relação marcada por divergências políticas em diversos temas, como a deportação de imigrantes, tarifas comerciais americanas e política antidrogas.

Em setembro, os EUA revogaram a certificação da Colômbia como aliada na estratégia antinarcóticos, embora ainda mantenham apoio econômico e cooperação militar para o combate à produção de cocaína no país, que é o maior produtor mundial, de acordo com a ONU.