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Economia

Lula conversa com líderes do União e PP antes de votação do IR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou suas negociações com o centrão, na véspera de uma votação crucial para seu governo no Congresso. Nesta quarta-feira, quando a Câmara deve analisar o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda, Lula recebeu líderes do União Brasil e do PP em encontros sigilosos no Planalto e no Palácio da Alvorada.

As reuniões aconteceram poucas horas antes da análise do texto, relatado por Arthur Lira (PP-AL), em meio ao prazo dado pelos dois partidos para que seus ministros deixem o governo.

Segundo fontes, o presidente fez um apelo direto: a aprovação do relatório de Lira sem destaques, para evitar que o conteúdo seja alterado no plenário. O governo também busca impedir que a votação seja dividida, o que permitiria mudanças indesejadas, especialmente sobre a compensação.

Lira replicou o pedido em reuniões com os líderes do centrão nas últimas horas.

A intenção, segundo interlocutores, é mostrar unidade em torno da proposta e enviar uma mensagem ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apresentou projeto semelhante no Senado alegando demora na Câmara.

O líder do União, Pedro Lucas (MA), esteve no Planalto pela manhã. Embora a agenda não tenha sido divulgada, aliados informam que ele se encontrou com o presidente durante uma reunião da bancada na Câmara. O deputado Dr. Luizinho (PP-RJ) foi convidado para um almoço no Alvorada, com a presença da ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais.

Além do tema econômico, ambos os encontros também tocaram na possibilidade de saída dos partidos da base governista. União e PP anunciaram em setembro que deixariam o governo e exigiram a devolução dos cargos.

O prazo está chegando ao fim, mas ainda há divergências: no PP, André Fufuca segue no Ministério do Esporte, mesmo contra a decisão do partido; no União, Celso Sabino (Turismo) já entregou a carta de demissão, mas permanece ministro e acompanhará Lula em agenda da COP-30, no Pará, nesta quinta-feira.

A movimentação de Lula e Lira mostra a importância eleitoral do projeto. A elevação da faixa de isenção até R$ 5 mil, com desconto gradual até R$ 7.350, é vista pelo Planalto como uma conquista importante para 2026.

Embora já negociada com as bancadas, a proposta ainda enfrenta resistência, especialmente em áreas do PP e do União.

Há pressão para ampliar a faixa de isenção parcial para R$ 7,5 mil e eliminar a compensação de 10% para rendimentos acima de R$ 1,2 milhão anuais. Líderes alertam que essas mudanças necessitam de fonte de compensação, caso contrário a tramitação ficará bloqueada. O governo reforça que qualquer alteração depende da aprovação do Planalto.

Na manhã desta quarta-feira, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recebeu Edinho Silva, presidente do PT, em sinal de aproximação no dia da votação, visando proteger o texto no plenário.

No dia anterior, Lula almoçou com Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com a mesma mensagem: aprovar o IR sem surpresas.

Com a votação próxima, o Planalto aposta que os acordos nos bastidores garantirão o texto no plenário e que União e PP, mesmo se desligando do governo, fornecerão os votos necessários para a medida, que o governo considera um marco da sua agenda econômica.

De acordo com a equipe econômica, a medida beneficiará cerca de 10 milhões de brasileiros.

Em 2022, a proposta foi uma das promessas centrais de Lula. Se sancionada até o fim do ano, valerá já para a declaração do próximo ano, quando o petista buscará a reeleição.

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