Economia
Bares e restaurantes reforçam combate a bebidas adulteradas em PE

Diante dos recentes episódios de adulteração de bebidas alcoólicas com metanol, associações ligadas ao comércio e consumo dessas bebidas estão organizando treinamentos e suporte para identificar produtos falsificados. Conforme a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), o principal foco atualmente é promover ações de conscientização para o setor e o público.
Em Pernambuco, existem quatro investigações em andamento relacionadas à intoxicação por metanol, que incluem três óbitos e um caso de perda de visão. Os possíveis casos suspeitos ocorreram nas cidades de Lajedo e João Alfredo, localizadas no Agreste do estado. No estado de São Paulo, 37 casos ainda estão sendo investigados.
Segundo Tony Souza, presidente da associação, desde que os casos em Pernambuco vieram à tona, a Abrasel-PE tem recebido várias demandas de empresários preocupados em preservar seus negócios e garantir a segurança das bebidas oferecidas aos clientes.
“Isso evidencia a responsabilidade do setor, que segue as orientações da Abrasel e atua dentro da legalidade. É importante esclarecer que a ilegalidade está na adulteração e falsificação das bebidas, e essa prática deve ser combatida rigorosamente pelas autoridades”, declarou Tony Souza.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, o presidente destacou que a fiscalização e mapeamento são atribuições das autoridades de saúde e segurança, mas que a orientação e auxílio aos empresários está sendo preparada internamente para garantir que os estabelecimentos trabalhem com responsabilidade.
Recentemente, a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), em parceria com a Abrasel, promoveu um curso online para ensinar o setor a reconhecer bebidas falsificadas e evitar intoxicações. Essa iniciativa surge diante da preocupação crescente com a circulação de bebidas fraudulentas no país.
Segundo dados do Núcleo de Pesquisa e Estatística da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), divulgados em abril de 2025, 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsificadas ou contrabandeadas.
Como identificar uma bebida falsificada
De acordo com Daniel Monferrari, head de Proteção às Marcas e Segurança Corporativa da Diageo, que liderou a live promovida pela ABBD, a identificação de bebidas falsas exige atenção em vários detalhes, desde a tampa até o rótulo.
A recomendação é analisar a embalagem de cima para baixo, verificando a qualidade da impressão, a presença de selos oficiais, a integridade da tampa e a coloração do líquido. “Cada garrafa conta uma história. Quanto mais valioso for o produto, mais detalhada deverá ser sua embalagem”, explicou.
Alguns sinais de alerta incluem tampas amassadas, artes desbotadas, lacres de baixa qualidade e rótulos com erros de grafia ou impressão borrada.
Daniel Monferrari acrescentou: “Se houver imperfeições nas linhas ou pequenas borraduras, isso indica que a tampa pode ser falsa.” Muitas vezes, os falsificadores reutilizam garrafas originais, o que requer cuidado redobrado.
Outro indicador é o som da garrafa ao ser aberta; fabricantes legítimos utilizam tampas que quebram as conexões internas, enquanto falsificações podem não apresentar esse som característico. Bebidas importadas contam ainda com o selo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); a ausência desse selo pode indicar procedência duvidosa.
Recomendações para reduzir riscos
Para evitar problemas, a orientação é comprar bebidas somente de fornecedores autorizados e confirmar os distribuidores junto aos canais oficiais das indústrias. Para bares e restaurantes, é fundamental descartar corretamente as garrafas vazias, impedindo que sejam reutilizadas por falsificadores.

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