Flotilha Global Sumud: última embarcação é capturada por Israel

O Movimento Global em Direção a Gaza anunciou que todas as embarcações da Flotilha Global Sumud foram interceptadas e seus 461 membros detidos. A última ação aconteceu às 4h29 (horário de Brasília), quando a tripulação do barco Marinette foi apreendida por forças navais israelenses.

Vídeos publicados nas redes sociais do movimento mostram um integrante informando que a embarcação militar estava a cinco minutos de distância. Outro vídeo registra o momento da abordagem.

O número total de brasileiros detidos pelas forças israelenses é 15, e não 17, como divulgado anteriormente. Dos 11 já capturados, mais quatro foram detidos durante as interceptações.

Os últimos brasileiros capturados foram Nicolas Calabrese, Hassan Massoud, João Aguiar e Miguel de Castro. Também fazem parte da missão humanitária Thiago de Ávila e Silva Oliveira, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e a vereadora de Campinas, Mariana Conti (PSOL-SP), além de Bruno Gilga, Lisiane Proença Severo, Magno de Carvalho Costa, Ariadne Catarina Cardoso Teles, Mansur Peixoto, Gabrielle Da Silva Tolotti, Mohamad Sami El Kadri e Lucas Farias Gusmão.

Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores voltou a se manifestar após a captura dos brasileiros, condenando fortemente a “interceptação ilegal e a detenção arbitrária, por Israel, na última madrugada, em águas internacionais, das embarcações da Flotilha Global Sumud, bem como a detenção ilegal de ativistas pacíficos, entre eles quinze brasileiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins“.

Em nota oficial, o governo brasileiro informou que notificou formalmente o governo de Israel por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv e da Embaixada de Israel em Brasília.

Deportações

O Ministério das Relações Internacionais de Israel publicou fotos de alguns membros da Flotilha Global Sumud, afirmando que estão em andamento procedimentos para encerrar a provocação do Hamas-Sumud e finalizar a deportação dos participantes desse gesto, conforme destacou o órgão.

Segundo a publicação, quatro cidadãos italianos já foram deportados e os demais estão em processo de deportação. O texto ainda nega o bloqueio à Faixa de Gaza e afirma que as ajudas humanitárias poderiam ter sido transferidas pacificamente.

Defesa Jurídica

Por nota, o movimento informou que os integrantes têm representação jurídica pelo Centro Jurídico para os Direitos das Minorias Árabes em Israel (Adalah, que significa justiça em árabe). O centro é o primeiro administrado por árabes palestinos em Israel e atua nos tribunais israelenses para proteger os direitos humanos dos palestinos.

De acordo com o movimento, os participantes foram levados para a prisão de Kesdiot, no deserto de Negev, localizada entre Gaza e o Egito, aproximadamente 30 km da fronteira egípcia.

“Até o momento, poucos participantes assinaram o Pedido de Saída Imediata. Eles foram informados que tal documento permitiria uma liberação mais rápida, mas sem a assinatura, a legislação israelense permite até 72 horas de detenção.”

O documento implica reconhecimento da entrada ilegal em Israel e proibição de retorno por mais de 100 anos. Juristas afirmam que durante os interrogatórios os ativistas foram visitados por ministros israelenses, inclusive o da Defesa, Itamar Ben-Gvir.

“A presença dessas autoridades no local indica uma tentativa de intimidação política do governo sionista e reforça a necessidade de vigilância constante das equipes diplomáticas e jurídicas.”

Greve de Fome

O movimento também destacou o início de uma greve de fome por alguns integrantes, uma prática reconhecida de desobediência civil pacífica usada historicamente por grupos vulneráveis ou silenciados.

Nova Expedição

Uma nova série de nove embarcações chamada Freedom Flotilla Coalition partiu da Europa rumo à Faixa de Gaza. Até o momento, não foi informado se há brasileiros entre os participantes.