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Economia

Ex-vice-presidente da Americanas faz acordo de delação com MPF

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O caso do rombo de mais de R$ 25 bilhões cometido por antigos diretores da Americanas ganhou um novo capítulo com a delação premiada do ex-vice-presidente Márcio Cruz. Conforme revelado pelo jornal O Globo, Márcio Cruz firmou um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF).

As fraudes ocorreram ao longo de cerca de dez anos, provocando uma séria crise financeira na empresa, que resultou em recuperação judicial, fechamento de lojas e venda de ativos.

Essa informação foi inicialmente divulgada pelo colunista Lauro Jardim. Márcio Cruz é o quarto ex-executivo a colaborar com as investigações, tendo atuado na empresa por 23 anos. Antes dele, as delações premiadas de Flávia Carneiro, Fabio Abrate e Marcelo Nunes já haviam esclarecido detalhes das fraudes.

A delação de Márcio Cruz será anexada à denúncia formal do MPF.

De acordo com as fontes, Márcio Cruz detalhou sua trajetória na Americanas, explicou a venda de suas ações antes da revelação do rombo e descreveu sua participação nos lançamentos irregulares em contas de fornecedores, utilizando contratos fictícios relacionados a verbas de propaganda cooperada (VPC) e operações financeiras conhecidas como “risco sacado”.

Ele implicou como principais líderes do esquema fraudulento os ex-CEOs Miguel Gutierrez da Americanas e Anna Saicali, ex-CEO da B2W, braço de comércio eletrônico da empresa.

Em sua delação, Márcio Cruz afirmou: “A palavra final era do Miguel Gutierrez. (…) Quando as propostas não eram compatíveis com o que o Miguel defendia, eram ajustadas conforme sua orientação. (…) Ele tinha a última palavra na estrutura.”

Márcio Cruz declarou que estava hierarquicamente abaixo de Miguel Gutierrez. Ele recordou que tomou conhecimento do VPC em 2009 e que, em 2022, após mudança na liderança da companhia, participou de uma reunião com Miguel Gutierrez, Anna Saicali, Marcelo Nunes e Timotheo Barros, na qual foram levantadas preocupações sobre a inevitabilidade da descoberta da fraude pelo novo CEO. Em janeiro de 2023, a fraude foi tornada pública.

Segundo o MPF, além de Miguel Gutierrez, Anna Saicali e Timotheo Barros, Márcio Cruz tinha ciência dos fatos por estar no centro das decisões.

Em julho de 2024, a Polícia Federal (PF) suspeitou que houve troca de informações entre os ex-diretores investigados na Operação Disclosure. Relatórios obtidos pelo GLOBO indicam que a PF e o MPF acreditam que Márcio Cruz teria repassado informações a Anna Saicali e Miguel Gutierrez sobre medidas cautelares que precederam a operação da PF.

Em maio de 2024, Márcio Cruz solicitou acesso às delações de Flávia Carneiro e Marcelo Nunes, mas seu pedido foi negado.

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