Economia
Dólar cai diante de moedas emergentes por dúvidas fiscais

Na manhã desta quarta-feira, 8, o dólar apresenta queda após iniciar o dia com leve alta. O mercado cambial ajusta-se à desvalorização do dólar frente às moedas de países emergentes, impulsionada pela valorização do petróleo em cerca de 1,5% mais cedo e a continuidade da paralisação do governo dos Estados Unidos pelo oitavo dia consecutivo. No entanto, a redução na produção industrial da Alemanha e questões políticas persistentes na França e no Japão sustentam a valorização do dólar contra moedas de países desenvolvidos (DXY).
A valorização do dólar frente a moedas desenvolvidas limita a recuperação do real, que também sofre com preocupações fiscais internas. A medida provisória que propõe alternativa ao aumento do IOF foi aprovada com votação apertada na Comissão Mista e ainda precisa passar pela votação em plenário na Câmara e no Senado hoje para não perder a validade. Além das incertezas quanto à aprovação, existe o risco de seu conteúdo ser reduzido, o que diminuiria a arrecadação prevista em comparação com o projeto original do governo, complicando o cumprimento das metas fiscais.
Com as modificações na comissão, a expectativa de arrecadação caiu de R$ 20,87 bilhões para pouco mais de R$ 17 bilhões em 2026. Entre as alterações, estão a fixação da alíquota de 18% sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) e outras aplicações financeiras, o adiamento do aumento da tributação sobre apostas esportivas e a criação de um Regime Especial de Regularização para apostas não tributadas antes da regulamentação. Foram retiradas propostas para mudanças na governança de sociedades anônimas e ajustadas regras de isenção para fundos de investimento.
Outro fator que o mercado acompanha são as pesquisas eleitorais. Um estudo da Genial/Quaest aponta que a aprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu um nível recorde desde janeiro, com 48% dos entrevistados aprovando sua gestão, e 49%, desaprovando. A pesquisa também indica aumento da rejeição à anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em outra pesquisa, realizada pela Real Time/Big Data, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lidera todos os cenários consultados para o governo de São Paulo. A indefinição de Tarcísio quanto à candidatura à presidência tem gerado instabilidade no cenário eleitoral da direita e preocupação no mercado.
Especialistas consideram que uma parte significativa do mercado aposta em uma mudança da política econômica para um perfil mais austero a partir de 2027, com a possível eleição de um representante da direita para a presidência.
No cenário econômico, o IPC-S da Fundação Getulio Vargas desacelerou para 0,63% na primeira quadrissemana de outubro, abaixo dos 0,65% registrados no final de setembro. No acumulado de 12 meses, o índice sobe 4,12%.
A poupança registrou saída líquida de R$ 15,01 bilhões em setembro, encerrando o mês com saldo de R$ 1,01 trilhão, que inclui rendimento de R$ 6,43 bilhões. No acumulado do ano até setembro, os saques líquidos somam R$ 78,47 bilhões, com rendimentos de R$ 56,63 bilhões.
O presidente Lula assinou decreto que estende até o final de 2026 o prazo para que os estados negociem ativos no Programa de Pleno Pagamento de Dívidas (Propag), devido à baixa adesão ao programa. Além disso, instituiu a Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, regulamentando a Lei de Migração de 2017.
No âmbito internacional, o primeiro-ministro demissionário da França, Sébastien Lecornu, declarou que há intenção de aprovar um acordo orçamentário até o final do ano, o que pode evitar novas eleições. Ele busca consenso político final a pedido do presidente Emmanuel Macron, antes de deixar o cargo.

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