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Violência em clínicas terapêuticas da UnB revela abusos graves

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A pesquisa do grupo Psicologia e Ladinidades vinculado à Universidade de Brasília (UnB) revela casos severos de abuso em comunidades terapêuticas no Distrito Federal e região próxima. Entre os problemas identificados estão a restrição da liberdade, práticas de trabalho escravo e punições cruéis.

O dossiê intitulado “As violências das Comunidades Terapêuticas do Distrito Federal e Entorno”, lançado em 10 de outubro, expõe uma realidade preocupante de violações dos direitos humanos e irregularidades nessas instituições.

De acordo com análises que abrangem relatórios oficiais, reportagens e estudos de 2011 a 2025, em 27 comunidades investigadas, 51% praticaram privação da liberdade, enquanto 40,7% apresentaram maus-tratos e tortura, que incluíam agressões físicas, choques elétricos e banhos frios como punição.

Foram constatadas 14 mortes em sete dessas comunidades, sendo nove no Distrito Federal e cinco em áreas vizinhas. O episódio mais grave foi o incêndio na comunidade Liberte-se, localizada no Paranoá, em 31 de agosto, que deixou seis mortos e vários feridos, com relatos de internos trancados durante o fogo.

Além disso, o estudo documentou trabalho forçado e práticas análogas à escravidão. Em 2023, o Ministério do Trabalho e Emprego incluiu a Casa de Recuperação Apóstolo Pai, em Ceilândia, na lista de locais com trabalho escravo moderno, onde 78 pessoas, inclusive três menores de idade, estavam em condições precárias.

Entre 2019 e 2022, essas comunidades receberam R$ 14 milhões em recursos do Governo do Distrito Federal. O número de vagas financiadas em comunidades terapêuticas cresceu 364% de 2012 a 2021, e o montante das verbas liberadas subiu 694%, chegando a valores próximos de R$ 4 milhões em alguns anos.

O documento enfatiza que tais violências são comuns nessas instituições, que possuem características similares a manicômios, prisões, igrejas (com destaque para abusos religiosos) e senzalas, especialmente no que se refere ao trabalho forçado e não remunerado em condições degradantes.

Assim, essas unidades não podem ser vistas como locais de cuidado, mas sim como ambientes de opressão e violência, conclui o relatório.

O grupo de pesquisa foi formado em 2020, com a participação de pesquisadores da Universidade do Distrito Federal Jorge Amaury (UnDF), da Universidade Católica de Brasília (UCB), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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