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Economia

Justiça aprova recuperação judicial da Unigel

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O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências de São Paulo, validou na quinta-feira, 9, o pedido de recuperação judicial da Unigel, uma empresa do setor petroquímico que fabrica plástico. A companhia, que recentemente encerrou um processo de recuperação extrajudicial com uma dívida de R$ 3,8 bilhões, não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.

No documento enviado à Justiça, a Unigel detalha que sua crise financeira é resultado da forte queda nos spreads internacionais de produtos químicos e petroquímicos, do excesso de oferta global devido ao aumento da produção na China, e do aumento dos custos das matérias-primas.

A empresa também informa que as condições econômicas consideradas na recuperação extrajudicial não se concretizaram como esperado e que atrasos no recebimento de financiamentos agravaram seu desequilíbrio financeiro.

A Unigel tentou negociar com seus credores a suspensão das cobranças até janeiro, quando a sua nova fábrica de ácido sulfúrico deveria começar a operar e gerar receita, mas não conseguiu êxito.

Nos últimos meses, a companhia priorizou o pagamento vinculado às obras da nova planta, acumulando dívidas com fornecedores antigos, que chegaram a ameaçar cortar o fornecimento de matérias-primas essenciais, incluindo gás. Em agosto, conseguiu uma liminar para suspender a cobrança das dívidas por dois meses.

A empresa declarou que acredita na geração de caixa quando a planta de ácido sulfúrico começar a funcionar. Este projeto, anunciado em 2021, teve seu cronograma alterado devido à crise enfrentada pela companhia.

Localizada em Camaçari (BA), a unidade está sendo construída com um investimento total de US$ 135 milhões e deve ser concluída em dezembro, iniciando operação no mês seguinte. Em maio, ainda faltavam investimentos de US$ 36,8 milhões, com a maior parte prevista para os últimos três meses de 2025.

O financiamento da obra é realizado com recursos gerados pela operação da empresa. No segundo trimestre deste ano, o fluxo de caixa operacional da companhia foi negativo em R$ 77 milhões.

A crise na Unigel começou em 2023, quando a alta do preço do gás tornou inviável a operação das plantas de amônia arrendadas da Petrobras, que antes representavam cerca de dois terços de seu Ebitda em 2022. A alta do preço dos fertilizantes durante a guerra na Ucrânia foi uma situação excepcional, e o contrato de arrendamento previa preço estável do gás apenas no primeiro ano. Após isso, o aumento do custo da matéria-prima resultou em prejuízos.

A empresa investiu US$ 60 milhões em equipamentos para uma planta de hidrogênio verde, que permitiria produzir amônia “verde”, com maior valor agregado. No entanto, devido à crise, essa planta foi suspensa na Europa, aguardando uma oportunidade para operar. Dos débitos totais, US$ 30 milhões se referem à compra desses equipamentos nunca utilizados.

A produção de acrílicos, que antes compunha em média 60% da receita, tornou-se inviável devido à concorrência dos produtos importados mais baratos e as fábricas foram desativadas em abril deste ano.

Assim, atualmente, a produção de plásticos corresponde a 100% da receita da unida-de. A estratégia da empresa é focar seus recursos na construção da planta de ácido sulfúrico em Camaçari, que tem expectativa de produzir 600 mil toneladas por ano e gerar aproximadamente US$ 60 milhões em caixa.

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