Economia
Restauração ambiental traz lucro, afirma secretário do MMA

A recuperação de áreas florestais degradadas pode gerar retorno financeiro, além de promover a conservação ambiental. Essa ideia foi destacada nesta sexta-feira (10) por João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Capobianco esteve presente em um evento de conservação e restauração ambiental realizado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
“Contamos com parceiros que comprovam que é possível realizar essas ações com retorno financeiro, gerando vendas, movimentação econômica e empregos. Não se trata de doações ou filantropia”, afirmou Capobianco.
No encontro, participaram representantes de empresas ligadas à silvicultura, que utilizam florestas plantadas para produzir matérias-primas como celulose e madeira para móveis e construção.
O secretário explicou que essas iniciativas de recuperação florestal no Brasil são importantes não apenas para combater o desmatamento, mas também para que o país alcance a meta de reduzir entre 59% e 67% as emissões de gás carbônico até 2035, em comparação com 2005.
“Com eficiência, podemos atingir a meta baixa de 850 milhões de toneladas de emissões em 2035, o que seria uma conquista extraordinária”, avaliou.
Essa redução integra as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), compromisso internacional do Brasil para o enfrentamento do aquecimento global.
Meta de desmatamento zero
O evento ocorreu um mês antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém.
Capobianco destacou que o Brasil está revertendo a tendência de aumento do desmatamento e pretende alcançar desmatamento zero até 2030, para áreas legais e ilegais.
“Reduzimos em 45% a taxa de desmatamento na Amazônia herdada de um governo anterior que negava o problema, e que permitiu o avanço rápido do desmatamento”, ressaltou, mencionando que também houve avanços no Cerrado e na Mata Atlântica.
Novos financiamentos para restauração
Durante o evento, o BNDES anunciou dois financiamentos via Fundo Clima destinados à restauração ambiental.
O primeiro é um empréstimo de R$ 250 milhões à Suzano, a maior produtora mundial de celulose, para recuperar 24 mil hectares em São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará e Mato Grosso do Sul, abrangendo os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Esse é o maior volume de recursos do Fundo Clima já liberado para esse fim.
O segundo financiamento é de R$ 100 milhões ao Grupo Belterra, que atua com sistemas agroflorestais. O projeto visa restaurar áreas na Bahia, Pará, Rondônia e Mato Grosso em parceria com pequenos e médios produtores de cacau, com plantio previsto de 2,9 milhões de mudas.
Investimentos e inovações
O BNDES também lançou uma concorrência pública para destinar R$ 10 milhões à restauração florestal em terras indígenas no Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, com apoio da Fundação Bunge.
Além disso, o banco informou que o projeto BNDES Floresta Inovação contará com R$ 24,9 milhões em recursos não reembolsáveis para incentivar a silvicultura, buscando restaurar áreas degradadas e produzir madeira de forma sustentável para fins comerciais, incluindo pesquisa para aumentar a produtividade e reduzir custos.
O projeto é coordenado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e pela Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, ressaltou o potencial do Brasil como um dos principais produtores mundiais de celulose e destacou a oportunidade de crescimento do setor silvicultor no país.
“Temos um setor com enorme potencial para atrair investimentos privados, gerar resultados ambientais e econômicos, emprego, inovação tecnológica e avanços,” afirmou.
Segundo dados do IBGE, em 2024, a maior parte das áreas de silvicultura no Brasil era dedicada ao eucalipto (77,6%), seguido pelo pinus (18,6%) e outras espécies (3,8%).
Mercadante também destacou: “Nada é mais antigo, eficiente e econômico para sequestrar carbono do que o plantio de árvores”.
Compromissos para a COP30
Nos dias antecedentes à COP30, Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, afirmou que os anúncios apresentados fazem parte de um esforço para evidenciar que o Brasil possui entregas concretas e relevantes na área ambiental.
Ela anunciou que o setor florestal do banco ainda deverá realizar ao menos quatro anúncios adicionais antes da conferência.

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