Economia
Shein enfrenta oposição para abrir lojas físicas na França

A varejista on-line de moda rápida Shein está passando por resistência ao tentar inaugurar lojas físicas em várias cidades francesas, inclusivamente em Paris, dentro de estabelecimentos da rede Galeries Lafayette.
A Galeries Lafayette foi vendida em 2021 para a Société des Grands Magasins (SGM), que manteve o direito de usar o nome deste tradicional varejo francês.
No entanto, a ideia de estabelecer lojas permanentes tem sido mal recebida pelos franceses, principalmente devido ao momento escolhido para esta expansão.
Recentemente, várias lojas de fast-fashion na França, como Jennyfer e Naf Naf, enfrentaram processos de insolvência, o que gera preocupações sobre a influência negativa da presença física da Shein para as marcas locais que já encontram dificuldades.
Antes da chegada da Shein, os varejistas franceses já estavam sob forte concorrência de grandes nomes internacionais como Zara e H&M. A estratégia de vendas da Shein, baseada em preços muito baixos, representa um obstáculo ainda maior, especialmente para o público jovem, que é seu principal alvo.
Além disso, a Shein tem enfrentado críticas crescentes de varejistas, políticos e órgãos reguladores na França. O parlamento francês aprovou um projeto de lei que busca regular a moda rápida no país; se entrar em vigor, a Shein poderia ser proibida de fazer publicidade na França.
A primeira loja física da Shein está prevista para abrir no próximo mês dentro da loja de departamentos BHV Marais da SGM, no centro de Paris.
De acordo com o jornal Le Monde, a lista de fornecedores descontentes com a estratégia da SGM só aumenta desde que a inauguração da loja no BHV foi divulgada, resultando em desistências.
Marcas como APC, pertencente à L. Catterton (um fundo co-propriedade da LVMH), e o grupo americano PVH, dono das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger, cogitam deixar a parceria. A Cabaïa, conhecida pela venda de mochilas na França, também ameaçou sair devido a divergências de valores, conforme explicado por seu fundador, Bastien Valensi.
A Galeries Lafayette declarou que não apoia os valores da Shein e que impedirá a abertura das lojas, alegando que isso violaria cláusulas do contrato com a SGM. Esta rede, fundada no século XIX, é famosa pela emblemática loja próxima à Ópera Garnier em Paris.
Por sua vez, a SGM indicou que seus planos estão alinhados com o contrato estabelecido com a Galeries Lafayette. A empresa, fundada em 2018 por Frédéric e Maryline Merlin, é especializada em imóveis comerciais e gerenciamento de lojas de departamento na França.
Um fenômeno global
O grupo Shein, criado na China e atualmente sediado em Cingapura, tornou-se um fenômeno mundial no varejo on-line, especialmente com seu forte apelo nas redes sociais, vendendo roupas acessíveis ao redor do globo.
No início deste mês, a SGM anunciou que o grupo asiático concordou em abrir lojas físicas nas cidades francesas de Dijon, Grenoble, Reims, Limoges e Angers, todas dentro das unidades Galeries Lafayette gerenciadas pela SGM.
Esta mudança para lojas permanentes marca uma etapa significativa para a Shein, que até então dependia principalmente de lojas temporárias (pop-ups) como parte de sua estratégia de marketing.
Segundo um comunicado conjunto, SGM e Shein pretendem atrair um público jovem e conectado, mantendo o DNA histórico das lojas de departamento. A expectativa é que as novas unidades gerem cerca de 200 empregos diretos e indiretos na França.
Para Yann Rivoallan, presidente da Federação Francesa de Prêt-à-Porter Feminino, as intenções da Shein e da SGM demonstram uma falta de consideração pelos clientes fiéis do BHV e da Galeries Lafayette e podem deteriorar a reputação da moda francesa.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login