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Esperança e dúvidas após cessar-fogo em manifestações pró-Palestina na Europa

Milhares de manifestantes pró-Palestina marcharam em diversas cidades europeias neste sábado (11), demonstrando uma combinação de esperança cautelosa e desconfiança no segundo dia do cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza.
Em Londres, dezenas de milhares de pessoas entoaram o grito ‘Palestina livre’, enquanto em Berlim cerca de 5.500 manifestantes se reuniram, e em Viena aproximadamente 500, conforme apurado pela AFP.
Em Berna, capital da Suíça, ocorreram confrontos entre polícia e manifestantes após uma manifestação não autorizada que reuniu cerca de 2 mil pessoas, onde indivíduos encapuzados lançaram fogos de artifício, e a polícia respondeu com gás lacrimogêneo.
Em Londres, Ben Jamal, diretor da Campanha de Solidariedade com a Palestina, declarou que marchava por sentir o “alívio do povo palestino”.
Desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, a capital do Reino Unido tem sido palco de grandes manifestações.
“No entanto, estamos aqui também porque compartilhamos o temor de que este cessar-fogo não dure, conscientes de que Israel já violou todos os acordos de trégua que assinou”, afirmou Jamal à AFP.
Apesar das dúvidas em relação ao plano de paz proposto pelo presidente Donald Trump para Gaza — que sugere uma autoridade transitória liderada pelo próprio presidente americano —, Jamal expressou um alívio intenso pelo cessar-fogo.
Nas margens do rio Tâmisa, no centro de Londres, predominavam as cores branca, vermelha e verde da bandeira palestina entre os manifestantes, que usavam kufiyas (lenços palestinos) brancos e pretos, carregavam cartazes com mensagens como “Parem de matar de fome Gaza” e “Parem o genocídio” e entoavam slogans como “Palestina livre” e “Do rio ao mar, a Palestina será livre”.
Um grupo contrário à manifestação agitava bandeiras israelenses, e a polícia londrina informou ter efetuado “algumas prisões” durante confrontos entre os grupos.
“Insuficiente e tardio”
O conflito em Gaza, iniciado com o ataque mortal do grupo Hamas a Israel em 2023, resultou na morte de dezenas de milhares de palestinos e gerou uma crise humanitária e fome na região, segundo a ONU.
Katrina Scales, estudante de sociologia e psicologia de 23 anos, disse: “Estou aqui com amigos para mostrar que a atenção a Gaza continua, mesmo com o cessar-fogo atual”. Ela acrescentou que a trégua “não é o bastante” e que continuará participando das marchas.
Para Miranda Finch, 74 anos, o cessar-fogo é “insuficiente” e afirmou que os palestinos não retornam para casa, mas para “ruínas sobre corpos e esgoto”.
Fabio Capogreco, de 42 anos, que estava na sua quinta manifestação acompanhado dos filhos e da esposa, disse que a trégua é “tarde demais e insuficiente” e que os responsáveis pelo conflito devem ser cobrados pelas suas consequências.

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