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Israel declara vitória sobre Hamas antes liberação de reféns

Israel anunciou neste domingo (12) que conquistou uma vitória em sua guerra contra o Hamas, antes da previsão para segunda-feira da soltura dos reféns que estão em cativeiro em Gaza há dois anos — um passo importante no plano de paz promovido por Donald Trump.
Na segunda-feira, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, visitará Israel brevemente e, em seguida, junto com o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi, liderará a cúpula internacional pela paz em Gaza, no resort de Sharm el-Sheikh, no Egito.
Um acordo de trégua entre Israel e o Hamas, em vigor desde sexta-feira, prevê a troca dos últimos reféns israelenses em Gaza — 20 ainda vivos e 28 falecidos — contra quase 2 mil palestinos presos em penitenciárias israelenses, incluindo 250 detidos por questões de segurança nacional.
Os negociadores ainda ajustam os detalhes da troca. Duas fontes do Hamas afirmaram à AFP que o grupo islamista insiste em adicionar sete líderes palestinos de destaque presos em Israel na lista de intercâmbio.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, declarou neste domingo, emocionado, que seu país alcançou “grandes vitórias” na guerra contra o Hamas em Gaza, mas alertou que “o confronto não acabou”.
Falando um dia antes do esperado retorno, segunda-feira, dos reféns mantidos em cativeiro em Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 — que iniciou o conflito devastador no território palestino — Netanyahu ressaltou os avanços obtidos.
O chefe das Forças Armadas de Israel, Eyal Zamir, também declarou vitória, creditando a “pressão militar” combinada com “ações diplomáticas adicionais”.
Shosh Bedrosian, porta-voz de Netanyahu, informou que a libertação dos reféns na Faixa de Gaza deve acontecer na manhã de segunda-feira.
Hamas exige libertação de líderes palestinos na troca
“Os prisioneiros palestinos serão libertados assim que Israel confirmar que todos os nossos reféns foram liberados e cruzaram a fronteira para o território israelense”, disse Bedrosian.
Duas fontes do Hamas afirmaram que o grupo quer incluir na lista sete líderes importantes da resistência palestina, incluindo Marwan Barghuti — membro do Fatah, rival do Hamas — que Israel declarou não estar nas negociações.
Uma fonte envolvida nas negociações declarou: “O Hamas exige que a lista final contenha sete dirigentes destacados, como Marwan Barghuti, Ahmad Saadat, Ibrahim Hamed e Abbas Al Sayyed“. Uma segunda fonte confirmou essa informação.
A fonte também afirmou que o grupo e seus aliados estão prontos para entregar todos os reféns vivos.
População quer ajuda humana organizada
Na cúpula no Egito participarão o secretário-geral da ONU, António Guterres, e líderes de mais de 20 países, incluindo o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o presidente francês Emmanuel Macron, o presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
O gabinete de Netanyahu comunicou que nenhum alto funcionário israelense participará do evento, e o Hamas também não estará presente, atuando via mediadores Catar e Egito.
No terceiro dia do cessar-fogo, caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza, mas moradores de Khan Yunis, no sul, relataram saques de suprimentos por pessoas famintas.
Mohamed Zarab afirmou: “Não queremos viver como numa selva. Exigimos que a ajuda seja garantida e distribuída com respeito”.
Muitos deslocados voltaram às suas casas destruídas, como Fatima Salem, de 38 anos, que disse: “Meus olhos procuravam os pontos de referência perdidos, mas nada parecia igual, nem as casas dos vizinhos ainda estavam lá”.
Busca por trégua duradoura
Mediadores do conflito enfrentam o desafio de assegurar uma solução política permanente para que o Hamas entregue suas armas.
Os países mediadores do cessar-fogo planejam assinar um documento como garantidores durante a cúpula de segunda-feira, envolvendo Estados Unidos, Egito, Catar e provavelmente Turquia, segundo fonte diplomática.
Uma fonte próxima às negociações disse que o Hamas “não participará do governo na fase de transição”, mas recusou entregar suas armas.
O grupo aceitou uma trégua prolongada, comprometendo-se a não usar armas a menos que Israel ataque Gaza.
O plano de Trump prevê que, com a retirada parcial das tropas israelenses de Gaza, uma força multinacional coordenada por um centro de comando liderado pelos Estados Unidos em Israel seja criada.
O conflito iniciou após o ataque do Hamas em outubro de 2023, que matou 1.219 pessoas, principalmente civis, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.
A resposta israelense causou pelo menos 67.806 mortes, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, com credibilidade reconhecida pela ONU.

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