Economia
Haddad pede fim de barreiras comerciais ao FMI

Em meio ao aumento das tarifas promovido pelos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a eliminação das barreiras comerciais unilaterais para proteger o crescimento global, em carta enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta semana acontece o encontro de outono do FMI em Washington (EUA), e Haddad cancelou sua participação devido às discussões sobre alternativas para fechar o orçamento de 2026 após o revés com a medida provisória que previa aumento de impostos e corte de gastos.
Na carta, o ministro reconheceu que a inflação no Brasil está acima da meta e que, como resultado, a política monetária está restritiva, destacando o compromisso firme do Banco Central em cumprir o objetivo de inflação.
Em termos fiscais, Haddad afirmou que o ajuste realizado nos últimos anos incluiu não apenas medidas efetivas na receita, mas também cortes de despesas.
Sobre o cenário internacional, ele destacou que as tensões comerciais provocadas por ações unilaterais têm prejudicado vários países e causado níveis recordes de incerteza.
Segundo o ministro, isso configura um cenário desafiador com crescimento baixo a longo prazo, inflação persistente, juros elevados por períodos prolongados e vulnerabilidades crescentes da dívida pública, agravados pela crise climática.
O Brasil é um dos países mais afetados pelas tarifas de importação impostas pelo governo dos Estados Unidos, mas busca negociar com a administração de Donald Trump.
“A retirada das barreiras comerciais unilaterais e o restabelecimento de estruturas previsíveis e baseadas em regras são essenciais para proteger o crescimento global. Além do comércio, fortalecer a cooperação é vital para enfrentar desafios globais comuns, como as mudanças climáticas, o aumento da desigualdade e os altos níveis de dívida”, defendeu Haddad no documento.
Na economia brasileira, o ministro avaliou que a atividade está próxima do seu potencial, após superar expectativas de crescimento por vários anos.
Haddad valorizou a revisão para cima do FMI na projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este ano, de 2% para 2,4%, destacando que o crescimento sustentável demonstra a força da economia local diante do contexto global desafiador e das tensões comerciais.
Ele também ressaltou que o cenário positivo da economia brasileira é evidenciado pela redução do desemprego e da desigualdade de renda, com ambos os indicadores nos níveis mais baixos das séries históricas.
Por outro lado, o ministro admitiu que o núcleo da inflação permanece relativamente elevado, indicando pressões persistentes, enquanto as expectativas inflacionárias seguem acima da meta.
“Dessa maneira, a política monetária continua restritiva, reforçando o compromisso firme do Banco Central do Brasil em atingir a meta e estabilizar as expectativas.”
A defesa do trabalho do Banco Central pelo ministro no documento ao FMI contrasta com suas declarações públicas sobre a atual taxa Selic, de 15%, afirmando que os juros “nem deveriam estar em 15%”.
Haddad também defendeu a agenda fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que equilibra justiça social com um arcabouço fiscal confiável.
“É importante destacar que o ajuste fiscal feito nos últimos anos não se baseou somente em medidas focadas na receita, mas incluiu a contenção de despesas. No futuro, utilizaremos a política fiscal como instrumento para promover justiça social e melhorar o bem-estar, considerando o ciclo econômico.”
No documento, Haddad afirmou que o FMI desempenha um papel crucial no centro da rede de segurança financeira global, mas para isso, ele destacou a necessidade urgente de reformas na governança.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login