Economia
Juros longos e médios caem com expectativa de mais cortes do Fed

Embora os sinais dos Estados Unidos sobre a disputa comercial com a China tenham sido inconsistentes, os juros futuros de médio e longo prazo apresentaram leve queda nesta quarta-feira, 15, impulsionados pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed) continuará reduzindo as taxas de juros em outubro.
Os prazos menores, no entanto, tiveram movimento contrário, reagindo a declarações mais cautelosas do diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, além de dados do varejo que superaram levemente as previsões para agosto.
Ao finalizar os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,99% na terça-feira, 14, para 14,035%. O DI para janeiro de 2028 variou de 13,38% para 13,375%. O DI para janeiro de 2029 registrou 13,305%, ante 13,353% no ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2031 recuou de 13,629% para 13,530%.
Mais cedo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que as negociações com Pequim continuam e ainda espera um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping no final de outubro, além de pedir que o Banco Mundial suspenda o apoio à China.
A tensão persiste após o anúncio de Trump sobre a imposição de sobretaxas de 100% sobre produtos chineses, em retaliação às restrições chinesas sobre minerais estratégicos.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destaca que, apesar da imprevisibilidade do presidente americano, a China é o único país resistente à política tarifária dos EUA, devido à sua força econômica.
“Estamos próximos do fim desse período de espera, com as tarifas previstas para entrar em vigor em novembro, aumentando a tensão, embora sem novidades”, comenta Cruz. Segundo ele, o cenário internacional mostrou evolução positiva no geral, refletindo no dólar e nos DIs, exceto para os prazos mais curtos.
O diretor do Fed, Stephen Miran, defendeu uma redução mais ágil dos juros americanos, fortalecendo a expectativa de novo corte de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões, o que trouxe alívio para o mercado de renda fixa brasileiro.
Em um fórum do Nomura Research, Miran afirmou esperar uma forte desaceleração nos preços da habitação e afirmou que colegas da autoridade monetária concordam que a tendência correta é a de queda dos juros.
Mais cedo, também em evento público, Miran declarou que duas novas quedas da taxa básica até o fim de 2025 são “uma projeção realista”. “Isso sugere que o Fed cortará os juros na reunião atual e na seguinte, ampliando o diferencial interno e externo e beneficiando os prazos mais longos”, acrescenta Cruz.
No Brasil, a percepção de que o BC não tem pressa para reduzir a Selic foi reforçada pelo diretor Nilton David, que, em evento do Goldman Sachs, defendeu manter o juro básico em nível restritivo por mais tempo, diante da maior incerteza e desancoragem das expectativas de inflação.
Além disso, os agentes observaram alta de 0,9% nas vendas do varejo ampliado entre julho e agosto, após ajuste sazonal, resultado acima da mediana de 0,7% apontada pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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