Hamas entrega corpo de refém a Israel e promete devolver todos os outros

O grupo islamita palestino Hamas entregou a Israel os restos mortais de um refém nesta sexta-feira (17), reafirmando seu compromisso de devolver todos os cativos falecidos ainda desaparecidos sob os escombros em Gaza após quase dois anos de conflito.

Segundo comunicado do gabinete do primeiro-ministro, Israel recebeu, por intermédio da Cruz Vermelha, o caixão com o corpo de um refém morto, que será analisado em um centro forense israelense para confirmação de identidade.

Apesar das alegações israelenses de que o Hamas violou os termos da trégua iniciada em 10 de outubro, o grupo pediu mais tempo para localizar e retirar os corpos entre os escombros do território palestino.

“O processo para devolver os corpos dos prisioneiros israelenses pode ser demorado”, declarou o Hamas na plataforma Telegram. O grupo, que administra Gaza desde 2007, destacou a complexidade das operações devido à necessidade de equipamentos especializados.

Nos últimos dias, o Hamas também anunciou a execução de vários indivíduos acusados de colaborarem com Israel.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu na quinta-feira (16) que, caso o Hamas continue os ataques em Gaza, os Estados Unidos poderão agir militarmente contra o grupo.

O acordo de cessar-fogo, mediado pelo presidente americano, estipulava que a troca de reféns vivos e mortos deveria ocorrer até segunda-feira, 72 horas após o início da trégua. O Hamas entregou os últimos 20 reféns vivos no prazo, porém devolveu apenas nove corpos dos 28 prometidos.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu manifestou determinação em recuperar todos os corpos, enquanto o ministro da Defesa, Israel Katz, alertou para a possibilidade de retomar as operações militares em Gaza.

Donald Trump pediu compreensão, dizendo que o processo é difícil e trabalhoso, com buscas profundas e frequente descoberta de corpos.

A Turquia enviou uma equipe especializada com habilidades e equipamentos para ajudar na busca dos corpos, porém a equipe aguarda permissão israelense para entrar em Gaza pela fronteira egípcia.

Desde o início do cessar-fogo, já foram recuperados mais de 280 corpos entre os escombros, conforme informou a Defesa Civil de Gaza sob autoridade do Hamas.

Como parte do acordo, Israel devolveu os restos mortais de 120 palestinos, incluindo 30 para Gaza, segundo o Ministério da Saúde local.

Uma associação de parentes dos reféns exigiu que Israel suspenda qualquer etapa adicional do acordo até que todos os corpos sejam devolvidos.

O cessar-fogo prevê a abertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, para a entrada de ajuda humanitária, mas os acessos a Gaza permanecem limitados sob controle israelense. O chefe da pasta das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, mencionou a possibilidade de reabertura neste domingo.

A ONU alertou que diversas áreas de Gaza estão em situação de fome, embora Israel negue essa avaliação. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou ter conseguido entregar cerca de 3 mil toneladas de alimentos desde o início da trégua, ressaltando que o problema de fome será resolvido gradualmente.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que o colapso do sistema de saúde em Gaza trouxe epidemias fora de controle.

O plano inicial do presidente Donald Trump inclui o cessar-fogo, a troca de reféns, a retirada parcial israelense e a entrada de ajuda humanitária, com etapas futuras que devem envolver o desarmamento do Hamas e anistia ou retirada total israelense, ainda em negociação.

O conflito começou com o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, causando a morte de 1.221 pessoas, majoritariamente civis, conforme relatório AFP com dados oficiais. A resposta militar israelense provocou mais de 67 mil mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o ministério de saúde do Hamas, números considerados confiáveis pela ONU.