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Colômbia anula condenação de Uribe por suborno e fraude

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A Justiça na Colômbia cancelou nesta terça-feira (21) a condenação contra o ex-presidente Álvaro Uribe por subornar testemunhas em um processo que investigava sua possível ligação com grupos paramilitares.

O líder da direita colombiana, de 73 anos, tinha sido, em agosto, o primeiro ex-presidente do país a ser condenado criminalmente e a perder a liberdade, recebendo a pena máxima prevista para suborno e fraude processual, em uma decisão inicial da qual sua defesa recorreu.

Um magistrado do Tribunal Superior de Bogotá revogou a sentença que o considerava culpado por ambas as acusações, condenação que previa 12 anos de prisão domiciliar.

O juiz declarou não ter encontrado evidências suficientes para incriminar Uribe, considerou ilegais as escutas usadas como prova e apontou falhas na metodologia empregada pela juíza que proferiu a sentença anterior.

O senador de esquerda Iván Cepeda, responsável pela denúncia contra Uribe, informou que irá recorrer da decisão perante a Suprema Corte de Justiça.

A audiência, da qual o ex-presidente (Uribe, que governou entre 2002 e 2010) participou de modo virtual, durou cerca de seis horas para a leitura do veredicto.

Após cerca de 20 dias em prisão domiciliar, Uribe ficou em liberdade graças à decisão do tribunal de Bogotá, que agora revogou sua condenação.

O presidente Gustavo Petro, rival político de Uribe, criticou a decisão afirmando no X que ela encobre a história de alianças entre políticos e narcotráfico que levaram a um genocídio na Colômbia.

Mais uma vez, Uribe conseguiu evitar as acusações relativas a seus vínculos com esquadrões de extrema-direita responsáveis por massacres, desaparecimentos e outras graves violações durante os piores períodos do conflito armado.

Impacto político

Essa decisão agita o cenário político em direção às eleições presidenciais de 2026, quando as forças de direita tentarão retomar o poder do governo de esquerda atual.

Uma das pré-candidatas associadas a Uribe celebrou a decisão e não descartou a possibilidade de Uribe concorrer ao Senado ou à vice-presidência.

Segundo a sentença inicial, Uribe teria pressionado paramilitares presos para negarem qualquer ligação com sua organização.

O processo mais comentado do século começou em 2018, quando a Suprema Corte iniciou investigações após acusações feitas por Iván Cepeda.

O tribunal rejeitou as versões contraditórias da principal testemunha, o ex-paramilitar encarcerado Juan Guillermo Monsalve. A promotoria denunciou que o advogado de Uribe, Diego Cadena, teria tentado subornar essa testemunha, sendo gravado por meio de uma câmera oculta.

A Justiça condenou Cadena a sete anos de prisão domiciliar por suborno no mesmo processo.

Uribe sempre negou vínculos com paramilitares, alegando que o processo é resultado de uma perseguição política liderada pela esquerda sob o comando do presidente Petro.

No entanto, seu nome aparece em outras investigações relacionadas à criação e financiamento de grupos paramilitares, diversos massacres e o assassinato de um defensor dos direitos humanos, todas sob a responsabilidade da Procuradoria colombiana.

Reação e contexto

Quando o recurso chegar à Suprema Corte, será analisada sua admissibilidade, e a decisão poderá levar meses ou anos para ser concluída.

Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, rejeitou a decisão do tribunal e tem sido alvo de críticas por suposta interferência na justiça.

Ele relacionou essa decisão à crise atual com os Estados Unidos, especialmente devido a conflitos com o ex-presidente Donald Trump.

Petro e Iván Cepeda têm denunciado há anos supostas ligações entre políticos influentes e grupos narcotraficantes e paramilitares.

O presidente também afirmou no X que Trump, aliado desses políticos e de Uribe, tenta sancionar quem denunciou as alianças entre política, narcotráfico e paramilitarismo no país, convocando manifestações para sexta-feira.

Uribe é popular por sua forte perseguição à guerrilha durante seus mandatos consecutivos, mas seu governo também foi marcado por graves violações de direitos humanos, com milhares de civis assassinados e apresentados falsamente como guerrilheiros em combate em troca de benefícios.

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