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Desnutrição em gestantes da Faixa de Gaza preocupa ONU

A desnutrição em gestantes na Faixa de Gaza terá impactos que podem alcançar várias gerações, e os bebês nascidos nessa situação provavelmente precisarão de cuidados contínuos ao longo da vida, alertou nesta quarta-feira (22) um representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Após uma missão realizada em Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Andrew Saberton comparou a gravidade da situação no território palestino a um cenário de filme distópico, durante entrevista coletiva na sede da ONU, em Nova York.
O diretor da agência da ONU responsável pela saúde sexual e reprodutiva destacou que cerca de 25% da população da Faixa de Gaza enfrenta fome, incluindo 11.500 mulheres grávidas. Devido a isso, 70% dos recém-nascidos apresentam parto prematuro e baixo peso ao nascer, número significativamente maior do que os 20% registrados em outubro de 2023.
Andrew Saberton alertou que a maioria das unidades neonatais atuam com 170% da capacidade, levando à necessidade de colocar mais de um bebê na mesma incubadora. Uma em cada três gestações é considerada de alto risco, e os índices de mortalidade materna são elevados, com a desnutrição apontada como o principal problema.
A falta de medicamentos e condições adequadas nos hospitais contribuem para a crise: 94% das unidades de saúde estão danificadas ou destruídas, e somente 15% oferecem atendimento obstétrico emergencial. A escassez de contraceptivos está levando algumas mulheres a recorrer a abortos perigosos.
Para cerca de 700 mil mulheres e meninas, o ciclo menstrual tem se tornado um desafio grave devido à falta de privacidade, água potável, produtos de higiene e absorventes. Estima-se que 170 mil pessoas sofram de problemas urinários ou reprodutivos sérios.
Desde o cessar-fogo que entrou em vigor no dia 10, o UNFPA conseguiu enviar ajuda e distribuir suprimentos e equipamentos médicos previamente armazenados na região, onde nascem aproximadamente 130 crianças diariamente, ressaltou Saberton. No entanto, a quantidade de ajuda permitida ainda é insuficiente para atender todas as necessidades.

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