Calor extremo acaba com duas espécies de coral nos EUA

Uma onda de calor marinha sem precedentes em 2023 provocou a perda funcional de duas espécies de coral no Arrecife de Coral da Flórida, segundo um estudo divulgado em 23 de junho. O fenômeno chama atenção para os riscos crescentes que as mudanças climáticas impõem aos oceanos globalmente.

Conhecidos como corais “chifre-de-alce” e “chifre-de-veado” devido à semelhança de suas formas com os chifres desses animais, esses corais desempenham papel essencial nos ecossistemas marinhos como construtores de arrecifes, dominando as águas da Flórida e do Caribe por muito tempo.

Particularmente o coral chifre-de-alce, que formava ramificações semelhantes a florestas subaquáticas, oferecia habitats para diversas espécies de peixes e agia como barreira natural contra ondas fortes e erosão costeira.

Desde a década de 1970, a população dessas espécies tem declinado devido a vários fatores, incluindo as mudanças climáticas e a pesca predatória, colocando-as sob sério risco de extinção.

Porém, o calor extremo registrado em 2023 no litoral da Flórida provocou a quase total extinção dessas espécies no Arrecife de Coral da Flórida, o terceiro maior do mundo.

Ross Cunning, biólogo do Aquário Shedd, em Chicago, e coautor do estudo publicado na revista científica Science, explicou que a quantidade remanescente desses corais é tão pequena que eles não conseguem mais desempenhar sua importante função ecológica.

Os corais são formados por pequenos animais chamados pólipos, que mantêm uma relação simbiótica com algas microscópicas que vivem em seus tecidos. O calor excessivo ou a poluição faz com que essas algas sejam expelidas, o que provoca o desbotamento do coral, tornando-o suscetível a doenças e à morte.

Se em certos casos a recuperação é possível, o estudo mostrou que essas espécies sofreram mortalidade de 98% a 100% nos arquipélagos Florida Keys e Dry Tortugas.

Ross Cunning destacou que a restauração dessas espécies é uma tarefa urgente para evitar a extinção completa.