Lula diz que ONU não está funcionando em crises como a de Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste sábado (25) na Malásia que a ONU e outras instituições multilaterais “não funcionam mais” em sua missão de evitar o sofrimento das vítimas de conflitos como o de Gaza.

O mandatário de esquerda fez essas declarações após se encontrar em Kuala Lumpur com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, na véspera do início da cúpula regional asiática (Asean), onde espera se encontrar com seu equivalente americano, Donald Trump.

“Quem pode aceitar o genocídio que acontece na Faixa de Gaza por tanto tempo? Não é só a violência das armas e bombas, mas a violência de usar a fome, a vontade de uma criança de comer, como forma de tortura”, questionou Lula à imprensa após a reunião para fortalecer os laços entre os dois países.

No fim de agosto, as Nações Unidas declararam oficialmente uma situação de fome extrema em várias partes do território palestino destruído pela guerra entre Israel e o grupo islamista Hamas.

No entanto, Lula alertou: “As instituições multilaterais criadas para impedir que essas coisas acontecessem deixaram de existir. Hoje, o Conselho de Segurança da ONU e a própria ONU não funcionam mais”.

Em seu discurso, sem mencionar nomes, Lula pareceu fazer uma referência indireta a Trump, com quem tem mantido uma relação tensa há meses, mas que tentam melhorar.

“Governar é fazer escolhas, é decidir de que lado você está. Para um líder, manter a dignidade é mais importante que um Prêmio Nobel”, afirmou.

Trump tem buscado esse prêmio há meses, alegando ter atuado como mediador em conflitos como o de Gaza e da Ucrânia.

Recentemente, a Casa Branca criticou o Comitê Norueguês do Nobel após conceder o prêmio da paz à líder da oposição venezuelana María Corina Machado, ignorando o magnata.

“Para um líder (…), cuidar das pessoas mais humildes é quase uma missão sagrada”, disse o presidente brasileiro.

Lula e Trump tentam superar suas diferenças depois que os Estados Unidos impuseram tarifas de 50% ao Brasil devido ao julgamento e condenação relacionados a uma tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente de direita — aliado de Lula — Jair Bolsonaro.

A bordo do avião presidencial rumo à Ásia, Trump afirmou na noite de sexta-feira que deseja se encontrar com Lula na Malásia.

No dia anterior, o presidente brasileiro garantiu que está “totalmente disposto” a mostrar ao líder republicano que a imposição dessas tarifas ao Brasil foi um erro.