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Economia

FGV: Casa Brasil pode aumentar PIB em R$ 52,9 bi e impostos em quase R$ 20 bi

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O programa Casa Brasil, lançado recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem potencial para impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em R$ 52,9 bilhões. Além disso, a arrecadação tributária pode crescer cerca de R$ 20 bilhões devido à demanda gerada pela iniciativa.

Este resultado é baseado em um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Focado na classe média, o Casa Brasil oferece R$ 40 bilhões em crédito habitacional para reformas e ampliações em residências já existentes, visando corrigir problemas estruturais e melhorar as condições das moradias.

Se todo esse crédito fosse liberado em um único ano, o impacto direto na construção civil seria de R$ 17,7 bilhões, representando 4,9% do PIB setorial estimado para 2024. No cenário geral da economia, isso poderia contribuir com 0,38 ponto percentual no crescimento do PIB, somando os efeitos diretos, indiretos e induzidos, conforme explicam os autores do estudo Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção no Ibre/FGV, e os consultores Marco Brancher e Robson Gonçalves.

Os efeitos indiretos envolvem o aumento da demanda na indústria e no comércio de materiais, correspondendo a outros R$ 35,2 bilhões, o que equivale a 4,8% da produção nesses setores relacionados à construção.

Ana Maria Castelo destacou que o setor de construção não se limita à produção direta das edificações e reformas, mas também envolve uma cadeia de fornecedores que disponibilizam materiais como tijolo e cimento, além da contratação de mão de obra e serviços. Essa cadeia produtiva gera mais empregos e renda, movimentando diversas áreas da economia.

Além disso, o programa resultaria em um aumento expressivo na arrecadação de impostos, cerca de R$ 19,6 bilhões, quase metade do valor do crédito oferecido, devido aos efeitos multiplicadores na economia promovidos pelo setor da construção.

Entretanto, Castelo ressalta que o sucesso depende da forma como os recursos serão gerenciados e liberados, sendo necessário acompanhamento para evitar distorções que possam prejudicar os resultados esperados.

Dados da Fundação João Pinheiro revelam que, em 2023, cerca de 27,6 milhões de domicílios apresentavam algum tipo de inadequação, o que representa 40,8% das moradias urbanas duráveis do país.

Castelo ressalta que a principal dificuldade atualmente está na escassez de mão de obra. Caso as pessoas não consigam contratar trabalhadores para realizar as reformas, o crédito pode ser subutilizado, e o governo precisará adotar medidas como capacitação para suprir essa demanda.

O governo tem implementado iniciativas para estimular o setor da construção, mas empresários ainda enfrentam desafios para contratar trabalhadores qualificados.

Atualmente, o setor da construção oferece o maior salário médio de admissão com carteira assinada entre os principais setores econômicos do país, com média de R$ 2.462,70 em agosto, superior à média geral de R$ 2.295,01, segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho.

Janaína Feijó, pesquisadora do Ibre/FGV, enfatiza a escassez de mão de obra na construção civil, o que leva os empregadores a oferecerem salários mais elevados para atrair trabalhadores, embora ainda assim enfrentem dificuldades para preencher as vagas.

Mesmo com essa escassez, a Sondagem da Construção da FGV indica que as empresas apresentam níveis adequados de ociosidade e estoque, o que pode ajudar a impedir aumentos excessivos nos preços dos materiais de construção.

O Índice Nacional de Custo da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI), calculado pela FGV, registrou alta de 6,78% nos últimos 12 meses encerrados em setembro, sendo que 4,06 pontos percentuais dessa inflação são decorrentes do custo da mão de obra, enquanto os materiais e serviços contribuem com 2,72 pontos percentuais. Isso indica que o aumento dos custos na construção está mais relacionado ao trabalho do que aos insumos.

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