Centro-Oeste
Hotel famoso do Distrito Federal inicia reforma após 5 anos fechado
A reforma tão aguardada de um dos empreendimentos mais tradicionais da capital federal tem início nesta segunda-feira (27/10). O Hotel Nacional de Brasília passará por uma renovação completa conduzida pelo consórcio Incorp Empreendimentos Imobiliários SA, formado por duas empresas de Brasília que adquiriram o imóvel em um leilão por R$ 93 milhões em 2018.
A revitalização abrangerá apartamentos, salas de reunião, restaurantes, sauna, piscina e outras áreas do edifício, preservando a estética original da fachada, que é um dos patrimônios históricos da cidade e um símbolo da fase inicial da construção de Brasília.
O Grupo Hoteleiro Bittar e a Construtora Luner estimam que os trabalhos de reforma terão duração máxima de três anos.
Lutfallah Farah, sócio da Incorp, projeta que as obras serão finalizadas até 21 de abril de 2028, data que coincide com o aniversário de Brasília, quando o hotel será reaberto.
“Nosso objetivo é restaurar o brilho do Hotel Nacional, devolvendo-lhe a posição de destaque que sempre teve no mercado hoteleiro da capital federal”, afirmou o proprietário.
Histórico do hotel
O hotel foi esvaziado por completo após uma ordem de despejo em 2020. Na ocasião, todos os hóspedes e moradores foram realocados, e as portas foram fechadas para dar início ao planejamento da reforma, que prioriza a preservação das áreas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os estudos para a reforma foram realizados em parceria com o Iphan e contam com a colaboração dos escritórios de arquitetura Anastassiadis Arquitetos e Dávila Arquitetura. O projeto foi amplamente discutido e aprovado por unanimidade pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh).
Segundo Lutfallah Farah, a aprovação do projeto representou um passo importante para o início das obras.
Projeto e preservação
Após a reforma, o hotel contará com cerca de 280 a 290 apartamentos, que incluirão desde suítes padrão até opções de luxo. O projeto também resgatará elementos históricos, como o famoso Bar do Senadinho.
A ampliação do terreno contempla não apenas o edifício original, que será revitalizado para continuar operando como hotel, mas também a construção de dois novos setores: o Setor A, dedicado a espaços institucionais, e o Setor B, que incluirá um shopping, área de artes e residências.
Esses novos espaços serão integrados ao hotel, formando um ambiente completo para hospedagem, eventos, compras, bem-estar, gastronomia, artes e lazer, com opções para estadias de curta ou longa duração.
A concepção do projeto prioriza acessibilidade, com vias internas para veículos e pedestres, controle térmico baseado em vegetação, sombras e espelhos d’água, além de ventilação natural. Os materiais predominantes serão madeira, pedra e vidro, com espaços amplos e abertos, refletindo a inspiração na natureza do cerrado e na arquitetura de Brasília.
Preservação histórica e cultural
O Bar do Senadinho será renovado para reviver seu auge nas décadas de 1960 e 1970, quando era ponto de encontro de políticos e empresários. Outro destaque será o Fumoir, um clube exclusivo para amantes de charutos, oferecendo luxo e privacidade.
A historiadora Joseana Costa, arquiteta da Gema Arquitetura e Urbanismo, foi contratada para documentar a história do hotel e catalogar suas obras de arte, garantindo a preservação desse patrimônio.
Itens que não possuem valor histórico, como camas e louças antigas, foram vendidos em leilões ou doados a instituições de caridade.
Contexto da venda
O hotel, pertencente à família Canhedo, foi colocado à venda pela 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo. Passou a integrar o patrimônio da massa falida da Petroforte Petróleo Ltda, credora das empresas de transporte aéreo e terrestre dos Canhedo.
O consórcio Incorp, formado pela rede de hotéis Bittar e pela construtora Luner, está agora responsável pela reforma das instalações, visando a reabertura para atendimento ao público.
Tradição e convidados ilustres
Inaugurado em 1961, o Hotel Nacional foi um ponto de encontro da elite, recebendo celebridades, personalidades internacionais e figuras políticas. Entre seus hóspedes ilustres estão a rainha da Inglaterra Elizabeth II, que se hospedou na suíte presidencial em 1968, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, que posteriormente morou na mesma suíte, os ex-presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter e Ronald Reagan, o ex-presidente francês Charles De Gaulle, a ex-primeira-ministra da Índia Indira Gandhi e a atriz brasileira Leila Diniz.
Até recentemente, o prédio guardava parte da mobília original e era testemunha de muitas histórias, apesar do glamour ter se perdido com o passar dos anos.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login