Economia
Mercado digital abre novas portas para quem quer empreender
Vitrines de shopping, lojas de rua e centros de compras tradicionais, como grandes camelódromos, estão cada vez mais dividindo lugar com o mercado digital. Com previsão para movimentar R$ 3,8 trilhões até 2027, o comércio eletrônico se apresenta como uma oportunidade importante para empreendedores, fortalecendo o papel dos marketplaces – plataformas online que conectam vendedores a consumidores.
Em 2024, o e-commerce brasileiro arrecadou um total de R$ 204,3 bilhões, o que representa um crescimento de 10,5% em relação ao ano anterior, conforme dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). As compras feitas nesse período chegaram a 414,9 milhões, com ticket médio de R$ 492,40. Ao todo, 91,3 milhões de pessoas participaram das compras digitais.
Nesse contexto, o crescimento do comércio online não é novidade, mas as formas de vender pela internet estão em constante atualização, criando caminhos para quem já empreende e para quem deseja começar.
Um exemplo recente é o TikTok Shop, que se une a plataformas consolidadas como Shopee, Amazon e Mercado Livre. Antes espaço para vídeos virais, o TikTok agora funciona também como vitrine de produtos, permitindo comprar diretamente pelo aplicativo, seja no feed, em transmissões ao vivo de influenciadores ou em uma seção dedicada à loja.
Destaque
Omero Galdino, especialista em marketing do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco (Sebrae-PE), explica que a expansão das vendas online cresceu com o aumento do uso dessas plataformas, especialmente durante a pandemia de Covid-19, período em que as lojas físicas precisaram fechar.
Para Omero Galdino, o avanço do e-commerce é um movimento nacional, com o Nordeste ocupando a segunda posição em volume de vendas, mostrando o potencial para pequenos e médios negócios.
Em Pernambuco, esse crescimento é constante e exige preparação para os negócios. Omero ressalta que os empreendedores precisam aprender a se posicionar nas vitrines virtuais, que podem existir tanto nas redes sociais quanto em plataformas próprias, reforçando que as vendas acontecem quando há conexão e relacionamento com clientes.
Ele também enfatiza que o êxito nessas plataformas depende de estratégia e gestão, destacando a importância de precificação correta e logística eficiente para manter competitividade e sustentabilidade.
“O empreendedor precisa cuidar da precificação para evitar competir diretamente com grandes varejistas, o que pode levar à falência. Também é essencial investir em logística, softwares de gestão e controle”, aconselha Omero Galdino.
Crescimento
Com a nova forma de comprar e a adesão crescente ao mercado digital em Pernambuco, grandes plataformas estão instalando centros de distribuição no estado para facilitar a logística dos vendedores locais.
A Shopee, por exemplo, inaugurou seu 13º centro de distribuição no país, localizado em Jaboatão dos Guararapes. Nesse modelo fulfillment, o centro gerencia todo o processo desde o pedido online até a entrega do produto.
Segundo Leila Carcagnoli, head de Categoria da Shopee, os principais segmentos entre os vendedores pernambucanos são roupas femininas, produtos de beleza, brinquedos e hobbies, decoração e artigos para mães e bebês.
A Amazon opera sete estações de entrega e dois grandes centros de distribuição em Pernambuco. Dos R$ 25 bilhões investidos pela empresa em 2025 no Brasil, R$ 2 bilhões foram destinados ao estado, que é o segundo maior em aportes, atrás apenas de São Paulo.
Oportunidade
A conjunção entre a expansão do mercado digital e o fechamento do comércio físico durante a pandemia motivou William Henrique, dono da Pify Store, a levar sua loja de variedades e eletrônicos para três grandes marketplaces.
Ele relata que a marca começou em uma loja física há cinco anos, mas a pandemia mudou os rumos do negócio. Com a necessidade de fechar as portas, William viu no e-commerce uma alternativa.
“Meu primo já estava no comércio eletrônico há alguns meses e estava dando certo, então decidimos testar também”, contou ele. O resultado foi positivo, já que a loja física realizava em média 20 a 25 vendas diárias, enquanto o negócio online chegou a 150 pedidos diários nos períodos de maior movimento.
Com o crescimento das vendas online, a reabertura do comércio presencial teve menos impacto, levando William a focar no digital. Para operar nesses espaços, ele destacou a importância de organizar o estoque e as saídas dos produtos.
“Trabalhamos de duas maneiras: com produtos de alta rotatividade já em estoque e com o sistema de cross-docking, onde compramos do fornecedor somente após a venda ser realizada”, explicou.
Após o pedido, a loja tem um dia útil para entregar o pacote à equipe do marketplace, que o encaminha ao centro de distribuição e, de lá, ao cliente, cuidando de toda a logística.
Para William Henrique, o comércio digital abriu possibilidades que uma loja física não permitiria. “O alcance é muito maior. Na loja física atendemos o bairro ou a cidade; no marketplace, vendemos para todo o Brasil. Trabalhar com e-commerce é muito vantajoso, pois a entrada é mais fácil do que abrir uma loja física e conquistar clientes localmente”, concluiu.

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