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Redução de 17% nas emissões diminui impacto climático
Atualizações nas metas de emissão de gases do efeito estufa, apresentadas por 64 países signatários do Acordo de Paris, prometem cortar o impacto das mudanças climáticas em 17%, em comparação aos níveis de 2019. Para 2030, essa redução é projetada em 6% em relação às metas anteriores.
O Relatório Síntese das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), divulgado em 28 de maio pelo secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), avalia o progresso climático em 198 países, baseando-se nas recentes atualizações de menos de um terço deles.
Se essas novas NDCs forem totalmente cumpridas até 2035, espera-se uma redução de 13 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, equivalentes em CO2. O documento também destaca o avanço na qualidade das metas, abrangendo adaptação, financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e mitigação de perdas e danos, refletindo um compromisso mais amplo com o Acordo de Paris.
Segundo o relatório, 89% dos países comunicaram metas que englobam toda a sua economia, mostrando uma evolução significativa em qualidade e cobertura das ações.
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, observa que as metas se tornaram mais complexas, porém critica a falta de urgência adequada diante da crise climática.
“Estamos enfrentando uma crise sem agir com a urgência necessária. Celebrar uma redução de 17% nas emissões, quando a ciência indica a necessidade de 60%, é um equívoco profundo”, afirma.
Alexandre Prado, líder de mudanças climáticas do WWF-Brasil, considera o cenário preocupante por adiar ações para futuras gerações, mas vê de forma positiva a integração de medidas de adaptação urbana aos planos de mitigação. Ele destaca que ações baseadas na conservação de manguezais e florestas oferecem benefícios amplos, incluindo a manutenção da biodiversidade e equilíbrio climático.
Financiamento é uma prioridade, com 75% dos países reconhecendo a importância de soluções inovadoras e cooperação internacional para viabilizar a implementação das metas, especialmente em países em desenvolvimento.
Gustavo Souza, diretor sênior de políticas públicas e incentivos da Conservação Internacional, destaca a necessidade de garantir fundos previsíveis por meio de mecanismos como mercados de carbono, REDD+ e Tropical Forest Forever Facility.
Ele ainda ressalta o desequilíbrio no financiamento climático, onde as florestas, que representam um terço da solução global, recebem apenas 3% dos recursos, enfatizando a urgência de correção dessa disparidade.
O Brasil, como anfitrião da COP30, tem liderado esforços para incentivar a entrega das NDCs, sendo o segundo país a apresentar suas metas antes do prazo prorrogado para setembro. Os 64 países que entregaram suas atualizações representam apenas parte do total esperado, com grandes emissores como China e Índia ainda pendentes.
Gustavo Souza reforça a importância de que mais países apresentem suas atualizações antes da COP30 em Belém, para demonstrar que a ambição coletiva está crescendo e que os objetivos do Acordo de Paris continuam alcançáveis.

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