Economia
Mulheres dominam salões de beleza, mas ganham 19% menos que homens
																								
												
												
											Nos salões de beleza do Brasil, a desigualdade salarial ainda é evidente mesmo com a presença majoritária de mulheres entre os profissionais. Um estudo inédito realizado pela consultoria Provokers, encomendado pela divisão de produtos profissionais do Grupo L’Oréal no Brasil, revela que as mulheres ainda recebem 19% menos do que os homens.
Além das diferenças de gênero, o estudo aponta que profissionais brancos ganham 21% a mais do que os negros e que heterossexuais têm uma renda 23% superior à dos homossexuais, refletindo desigualdades estruturais presentes na sociedade.
Ganhos médios e qualificação
A pesquisa também indica que o rendimento médio de um trabalhador formal em salão de beleza é de R$ 5.950, valor superior à média nacional per capita de R$ 2.069, conforme dados do IBGE. Muitos cabeleireiros acabam assumindo a gestão dos próprios salões, com uma renda média de R$ 11.200, enquanto os autônomos recebem em média R$ 4.950 ao mês.
Apesar dos desafios, 87% dos profissionais desejam continuar na carreira e reconhecem a importância de cursos de qualificação. Por isso, 74% dos entrevistados buscaram formação antes de começarem a trabalhar.
Perfil dos profissionais
Entre as mulheres do setor, 52% se identificam como pretas ou pardas, e cerca de 15% dos profissionais pertencem ao grupo LGBTQIAP+, proporção 2,5 vezes maior do que na população geral.
Vivi Siqueira, hairstylist, aponta que a desigualdade salarial reflete desigualdades históricas: “Homens ganham mais que mulheres, brancos mais que pessoas negras. E isso precisa mudar”.
Leyla Maciel, cabeleireira na Tijuca, Zona Norte do Rio, confirma essas disparidades e destaca a dificuldade de acesso à formação: “Mulheres brancas costumam ganhar mais porque têm mais acesso a uma educação de qualidade. Eu estou sempre buscando novos cursos, mesmo com limitações de tempo e dinheiro”.
Reflexos da desigualdade estrutural
Joana Fleury, diretora da Divisão L’Oréal Produtos Profissionais do Grupo L’Oréal no Brasil, enfatiza que esse cenário é consequência de uma desigualdade estrutural no país, afetando gênero, raça e orientação sexual.
Embora o setor de beleza movimente mais de R$ 130 bilhões por ano e tenha cerca de 1,3 milhão de MEIs ativos, a profissão ainda não conta com regulamentação formal. Não existe curso superior ou técnico específico para cabeleireiro, e a formação dos profissionais fica a cargo das empresas do segmento, desde redes de salão até fabricantes de produtos.
Para Joana, é fundamental estabelecer um pacto setorial para formalizar a educação básica da profissão, comparando com a gastronomia, que passou por uma profissionalização e tem atualmente escolas internacionais no Brasil. O setor da beleza reúne mais de 850 mil profissionais, mas a informalidade persiste, em parte, pela ausência de formação técnica oficial e pela facilidade de entrada no mercado, que dificulta a definição clara de remuneração e benefícios.
																	
																															
											
											
											
											
											
											
											
											
											
											
											
											
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