Economia
Quantos dias de licença-paternidade? Quando começa? O que falta para virar lei?
A Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto que estabelece regras para a licença-paternidade no Brasil.
O projeto amplia o período de licença remunerada para trabalhadores do sexo masculino que têm um filho, seja natural ou adotado.
Confira abaixo as respostas para as principais dúvidas sobre a proposta.
Quantos dias de licença os pais terão?
A licença-paternidade passará dos atuais cinco dias para 20 dias, com aumento gradual até 2027.
Inicialmente, a proposta previa 60 dias, mas após negociações, o relator Pedro Campos (PSB-PE) e o governo acordaram em reduzir o tempo para 20 dias, com crescimento progressivo.
A licença poderá ser dividida, por exemplo, com metade do período aproveitado inicialmente e o restante até 180 dias depois. Em caso de falecimento da mãe, a licença será ampliada para 120 dias.
Qual é a situação atual?
Hoje não existe uma legislação específica para a licença-paternidade. É utilizada uma regra transitória da Constituição de 1988, que garante cinco dias para registro da criança, esperando que o Congresso regule o benefício.
Quais os próximos passos para a lei entrar em vigor?
Após aprovação na Câmara, o texto será analisado pelo Senado. Se aprovado sem modificações, seguirá para sanção do presidente. Caso o presidente não vete, a lei entrará em vigor imediatamente.
O aumento da licença será gradual: 10 dias entre o primeiro e o segundo ano, 15 dias do terceiro ao quarto ano, e 20 dias a partir do quinto ano.
Os pais manterão o salário durante a licença?
Sim. Está prevista a criação do salário-paternidade, custeado pelo INSS, que recompensará as empresas. A estabilidade no emprego também será garantida.
A medida beneficia as mulheres?
Especialistas apontam que a ampliação da licença-paternidade ajuda as mulheres, pois os homens terão mais tempo para auxiliar no cuidado do bebê nos primeiros dias, aumentando a possibilidade de retorno das mulheres ao mercado de trabalho.
De acordo com o economista Bruno Imaizumi, a licença mais equilibrada entre pais e mães favorece a produtividade e melhora a demografia e condições familiares a longo prazo.
O pesquisador Marcelo Neri afirma que a extensão ajuda a reduzir a discriminação contra mulheres durante a contratação, relacionada à licença-maternidade.
O bebê também é beneficiado?
Marcelo Neri destaca que investimentos na primeira infância trazem retornos sociais significativos, fortalecendo o vínculo entre pais e filhos, especialmente nos primeiros dias de vida.
Haverá custos para o governo?
Sim. A remuneração dos pais será paga pelo INSS, semelhante ao salário-maternidade. O impacto fiscal é estimado em R$ 5,4 bilhões até 2030 para a licença de 20 dias.
A licença-paternidade incentiva ter mais filhos?
Embora não seja o único fator, a medida pode incentivar casais a terem mais filhos, auxiliando a economia diante da atual taxa de reposição abaixo de dois filhos por casal.
Como foi a tramitação?
Com decisão do Supremo Tribunal Federal em 2023, estabeleceu-se o prazo para regulamentação até julho de 2024.
O projeto aprovado é um consenso que reuniu propostas de diversas lideranças políticas, como a ex-senadora Patricia Saboya e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
Como funciona em outros países?
- Suécia: Licença parental conjunta de 480 dias para pais e mães, com remuneração variável, incluindo cotas individuais reservadas.
- Nova Zelândia: Licença de até 26 semanas para o cuidador principal, com transferência possível entre parceiros. A licença paternidade estatutária é de 1 ou 2 semanas, não remunerada.
- Estados Unidos: Não há licença parental remunerada federal; licenças não remuneradas de até 12 semanas existem para empresas maiores.
- Chile: Pais têm uma semana de licença-paternidade remunerada, com possibilidade de ampliar mediante licença parental compartilhada com as mães.
- França: Mães têm até 42 semanas de licença paga; pais dispõem de 30,2 semanas, incluindo 4,2 semanas de licença-paternidade integralmente remunerada.
- Itália: Pais têm direito a até 15 semanas de licença remunerada, incluindo duas exclusivas de licença-paternidade com 100% da remuneração.
- Portugal: Licença-paternidade de cinco semanas remunerada integralmente, com possibilidade de ampliar a licença parental compartilhada e ganho gradual de remuneração maior.

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