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Nova gestão da Bolívia assume sem inclusão indígena
O presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, representante do centro-direita, assumiu seu governo no domingo (9) com um gabinete que não inclui representantes indígenas e populares, grupos que foram centrais nos governos socialistas das últimas duas décadas.
Os mandatos de Evo Morales (2006-2019) e Luis Arce (2020-2025) destacaram-se por incluir líderes camponeses em posições ministeriais.
De acordo com o censo de 2024, 38,7% dos 11,3 milhões de bolivianos são indígenas, principalmente das etnias quéchua e aimará.
Paz nomeou para ministérios importantes pessoas ligadas ao setor privado e tecnocratas, entre eles José Luis Lupo (Presidência), Fernando Aramayo (Chancelaria), Marco Antonio Oviedo (Governo), Gabriel Espinoza (Economia) e Mauricio Medinacelli (Hidrocarbonetos e Energia).
O presidente recém-empossado, que tomou posse no sábado, solicitou que seus ministros enfrentem desafios imediatos como a escassez de combustíveis nos postos de serviço, falta de dólares nos bancos e uma inflação anual que atingiu 19% em outubro.
A coalizão liderada por Paz, junto com os partidos dos direitistas Jorge Quiroga e Samuel Doria Medina, conquistou ampla maioria no Congresso, relegando o Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Morales e Arce, a uma posição minoritária.
Paz explicou a ausência dos movimentos populares em seu gabinete:
“Durante 20 anos, setores específicos tiveram representação. Hoje, após duas décadas desse modelo, a Bolívia melhorou?”
“Este é um momento para valorizar a meritocracia, a eficiência e transformar o Estado para melhor atender à população”, completou.
A cerimônia de posse também marcou mudanças simbólicas em relação aos governos anteriores de Morales e Arce. A tradicional juramentação com a Bíblia e o crucifixo foi retomada, enquanto símbolos indígenas foram retirados, contrastando com os mandatos anteriores do MAS.
Além disso, a bandeira multicolorida “wiphala”, que representa os povos indígenas especialmente os aimarás, foi removida da fachada do palácio presidencial, o que foi criticado por Morales.
“Sua retirada do Palácio é um desrespeito ao movimento indígena originário camponês e tenta apagar nossa memória coletiva. Passamos de um Estado inclusivo para um excludente”, afirmou o ex-presidente em sua conta no X.
Morales está desde 2024 em sua base no Chapare, região central, enfrentando uma ordem de prisão relacionada a um caso de tráfico de menores, acusação que ele nega categoricamente.

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