ONU denuncia possíveis execuções ilegais em ataques dos EUA a barcos

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu, nesta segunda-feira (10), que os Estados Unidos investiguem a legalidade dos seus ataques a embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico, alertando que há sinais fortes de que essas ações possam ser consideradas execuções extrajudiciais.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos intensificaram ações militares contra barcos alegadamente transportando drogas, resultado em pelo menos 76 vítimas fatais.

Pete Hegseth, chefe do Pentágono, informou nesta segunda-feira sobre um novo ataque em águas internacionais do Pacífico contra duas embarcações suspeitas de tráfico de narcóticos, que resultou em seis mortes.

O alto comissário Volker Turk declarou em entrevista à AFP que, até o momento, tudo indica que esses ataques violam o direito internacional de direitos humanos.

Segundo Turk, os Estados Unidos classificam os ataques como parte de “operações antidrogas”, porém, nessa categoria, não deveriam surgir questões relacionadas a guerra, conflito ou direito internacional humanitário.

As ações deveriam ser tratadas como operações de cumprimento da lei, conforme o direito internacional, e, nesse contexto, o uso de força letal deve ser estritamente excepcional.

“A força letal deve ser usada apenas como último recurso diante de uma ameaça iminente”, ressaltou Turk, enfatizando que não é essa a situação observada.

“Solicito ao governo dos Estados Unidos que realize uma investigação inicial para responder: essas ações violam o direito internacional dos direitos humanos? São execuções extrajudiciais?”, declarou Turk.

“Há indícios fortes de que sejam, mas é necessário apurar”, completou.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no início de outubro, em carta enviada ao Congresso, que o país está em estado de “conflito armado” contra os cartéis latino-americanos de drogas para justificar essas ações militares.