Economia
Conheça 10 momentos importantes da história da Oi, da privatização à falência
Nos anos 1990, com a privatização das telecomunicações, surgiu uma empresa que logo foi vista como a “supertele nacional” e referência no segundo governo Lula. Porém, devido à crise causada pelo alto endividamento, sucessivas gestões problemáticas e passivos financeiros ocultos, essa gigante não resistiu.
A Oi declarou falência recentemente, conforme decisão da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
A juíza Simone Gastesi ressaltou de forma enfática que “a Oi está tecnicamente falida”. Apesar da situação, a Justiça assegurou a continuidade temporária dos serviços essenciais, reconhecendo a complexidade do caso.
Quase três décadas separam o surgimento da Oi, originada da privatização da Telebras, da decretação de sua falência, marcando o fim da “supertele brasileira” que chegou a prosperar com incentivos governamentais.
A situação delicada da Oi se intensificou após a fusão com a Brasil Telecom (BrT) e a Portugal Telecom, levando à segunda recuperação judicial da empresa com dívidas substanciais. A seguir, destacamos os 10 principais fatos que marcaram essa trajetória:
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Criação
Em julho de 1998, no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, a estatal Telebrás foi leiloada. O consórcio Telemar adquiriu a Tele Norte Leste, operando em várias regiões do país. A marca Telemar foi utilizada até 2007, quando passou a ser Oi.
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Polêmica do ‘Telegangue’
Logo após a privatização, o então ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros foi gravado criticando acionistas da Telemar, apelidando-os de “telegangue”, o que resultou em sua saída do cargo.
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Fusão e descoberta de rombo
Com o apoio do BNDES e fundos de pensão, a Oi uniu-se à Brasil Telecom em 2008. Posteriormente, percebeu passivos ocultos, que geraram prejuízos bilionários. A parceria com a Portugal Telecom também revelou déficits financeiros superiores a € 1 bilhão.
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A supertele nacional
No segundo mandato do presidente Lula, a Oi, após a fusão com a BrT, foi vista como uma “supertele” que buscava competir globalmente com apoio do governo e do BNDES. A fusão formal com a Portugal Telecom ocorreu em 2014.
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Recuperação judicial
A primeira recuperação judicial iniciou em 2016, com renegociação de R$ 65 bilhões em dívidas. Em 2023, diante de nova crise, a empresa entrou com pedido para a segunda recuperação judicial, enfrentando R$ 43,7 bilhões em dívidas.
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Maior assembleia de credores
Em dezembro de 2017, cerca de 600 credores se reuniram no Riocentro por 17 horas consecutivas para discutir a situação da empresa, a assembleia de credores mais longa desse tipo já realizada no país até então.
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Venda de participação em Angola
Em 2020, a Oi vendeu 25% de sua participação na Unitel, empresa angolana de telecomunicações, para a estatal Sonangol, garantindo um aporte de US$ 1 bilhão, dentro do plano de recuperação judicial.
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Desinvestimentos para sobrevivência
Para se manter, a Oi vendeu ativos importantes, como sua operação móvel, adquirida por Claro, TIM e Vivo, e sua rede de fibra óptica, vendida à V.tal, do grupo BTG Pactual.
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Decretação de falência
A Justiça declarou a falência da empresa, afastando sua diretoria e nomeando o advogado Bruno Rezende para gerir a tele. A situação financeira mostrou um patrimônio esvaziado e sem condições de equilibrar ativos e passivos.
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Continuidade e transição dos serviços
A Justiça garantiu a continuidade provisória dos serviços de telefonia e comunicação, essenciais para milhares de localidades, e prevê uma transição planejada para que outra empresa assuma essas obrigações.
A Anatel afirmou que os serviços da Oi continuam garantidos e que atuará para assegurar sua continuidade e qualidade. O Ministério das Comunicações também está atento para assegurar que os serviços sigam funcionando, mesmo se forem transferidos para outras empresas.
A Oi atende uma vasta gama de clientes públicos e privados, incluindo órgãos governamentais, instituições e milhões de usuários, sendo muitas vezes a única operadora disponível em várias regiões do país. Isso ressalta a importância de uma transição organizada e responsável para a manutenção dos serviços essenciais de telecomunicações no Brasil.

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