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Arma de empresa de segurança foi usada para matar ciclista no Itaim
Um revólver calibre 38 da marca Rossi, registrado em nome da empresa de segurança privada Guarita Vigilância e Segurança Ltda, foi utilizado no assassinato do ciclista Vitor Felisberto Medrado, 46 anos. O crime aconteceu em 13 de fevereiro deste ano, em frente ao Parque do Povo, bairro Itaim Bibi, localizado a menos de um quilômetro da sede da empresa no bairro Indianópolis, zona sul da cidade de São Paulo. A empresa não está mais em atividade.
O registro da arma, emitido em 20 de novembro de 1995, consta no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) como destinada para defesa, sendo propriedade da empresa de segurança. Conforme dados da Receita Federal, a Guarita teve seu CNPJ baixado e deixou de existir oficialmente em 2008. Tentativas de contactar antigos responsáveis pela empresa não tiveram sucesso.
A Polícia Civil informou que o mesmo revólver usado na morte do ciclista também teria sido empregado por Erick Benedito Veríssimo, suspeito de assassinar o ciclista durante um assalto a uma engenheira na zona sul de São Paulo em 8 de março. Erick teria confessado o envolvimento no crime enquanto estava detido, conforme declaração do então secretário de Segurança, Guilherme Derrite.
Entre as munições confiscadas de Erick, havia cartuchos da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), embora a empresa tenha preferido não revelar a que força de segurança o lote havia sido destinado. Para Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, casos como este evidenciam um ciclo persistente no qual armas legais acabam desviadas para a criminalidade.
Ele ressalta que o setor de segurança privada é uma fonte significativa desses desvios, o que é preocupante, pois essas empresas se beneficiam da sensação de insegurança que a circulação ilegal de armas alimenta. Relatórios anteriores, como a CPI do Tráfico de Armas do Congresso em 2006 e a da ALERJ em 2016, já mostraram o volume alarmante desses desvios.
O levantamento do Instituto Sou da Paz demonstra que em 32% dos casos, as armas ilegais foram apreendidas a até 10 km do local de seu desvio, indicando que uma fiscalização local rigorosa pode ajudar a reduzir a violência armada em determinada região.
O especialista ainda destaca que o revólver em questão foi fabricado e vendido legalmente há 30 anos e não há registros de quantos crimes ele possa ter participado antes do assassinato de Vitor. Além disso, mesmo após várias apreensões envolvendo armas de origem similar e a prisão de figuras como a chefe da quadrilha conhecida como ‘Mainha do crime de Paraisópolis’, não houve um esforço policial visível para investigar a origem dessas armas.
Sobre o ciclista
Vitor Felisberto Medrado era ciclista e treinador dedicado ao esporte. Com 46 anos, era dono de uma empresa de assessoria esportiva especializada em ciclismo, com vários alunos que treinavam no Parque do Povo.
Vitor foi atleta da equipe de Ribeirão Preto e conquistou medalha de ouro nos Jogos Regionais de São Paulo em 2013, na prova de Velocidade por equipes.
Nas redes sociais, amigos e conhecidos expressaram tristeza pela perda de Vitor. Um deles afirmou: “Você foi um profissional exemplar e, pelo pouco que convivi, uma pessoa de grande valor humano.” Outro disse sobre Vitor: “Ainda não consigo acreditar, Vitão; seu jeito único, um misto de firmeza e carinho, jamais será esquecido, uma pessoa incrível mesmo.”

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