Economia
Fazenda prevê crescimento econômico mais lento em 2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu as expectativas de crescimento da economia brasileira para 2025, mas mantém um cenário positivo quanto ao controle da inflação e à situação fiscal.
Segundo o Boletim Macrofiscal divulgado em novembro, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,2% em 2025, uma leve queda em relação aos 2,3% previstos anteriormente. A inflação oficial, medida pelo IPCA, é projetada para diminuir de 4,8% para 4,6% no mesmo período.
A desaceleração prevista se deve ao fortalecimento dos juros elevados e à redução no ritmo de concessão de crédito, afetando o crescimento dos rendimentos no mercado de trabalho.
Apesar disso, o país continua em trajetória de crescimento estável, com destaque para o agronegócio e setores ligados à exportação e tecnologia.
De acordo com o relatório, os juros altos, atualmente na taxa Selic de 15% ao ano, impactam o consumo de famílias e empresas, que gastam menos, diminuindo a atividade econômica.
O boletim evidencia que os efeitos da política monetária restritiva são sentidos de forma gradual e cumulativa. Já há registros de redução nas concessões reais de crédito e desaceleração no crescimento dos rendimentos, mesmo com a taxa de desemprego permanecendo em níveis historicamente baixos.
Setores não cíclicos, como petróleo, gás e mineração, apresentam resultados positivos, assim como a safra agrícola, que teve sua produção de café, cana-de-açúcar, algodão e milho revisada para cima.
Projeções por setor
- Agropecuária: crescimento estimado revisado de 8,3% para 9,5% em 2025;
- Indústria: leve queda de 1,4% para 1,3%;
- Serviços: redução de 2,1% para 1,9%.
Para 2026, a previsão de crescimento permanece em 2,4%, apoiada por expectativas de juros menores e iniciativas para crédito e habitação.
Cenário internacional e exportações
No âmbito global, o crescimento deve desacelerar em 2026 devido a incertezas geopolíticas e tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
As exportações brasileiras para os EUA caíram cerca de 25% entre agosto e outubro após a imposição de novas tarifas, principalmente sobre petróleo e carne bovina. Contudo, as vendas externas totais aumentaram 6,4%, puxadas por maiores exportações para China e Argentina.
O governo destaca o Plano Brasil Soberano, que já liberou R$ 7,1 bilhões em crédito para empresas exportadoras, especialmente pequenas e médias, para diversificar mercados e oferecer capital de giro.
Meta fiscal
De acordo com o boletim, o Brasil deve alcançar a meta fiscal de 2025, apesar do déficit nas contas públicas.
A projeção do déficit primário, que desconsidera juros da dívida, passou de R$ 69,9 bilhões para R$ 70,6 bilhões, valor dentro da margem de tolerância estabelecida pela meta, que permite até R$ 30,97 bilhões pós-ajustes.
Esse limite funciona como um teto para o gasto do governo em relação à arrecadação. Atualmente, o déficit ajustado projetado em R$ 27,38 bilhões indica que o país está tecnicamente dentro da meta fiscal para 2025.
Outro dado positivo é a dívida pública bruta, estimada para fechar o ano em 79,5% do PIB, ligeiramente abaixo da previsão anterior de 79,7%.
Perspectivas para 2026
Para o próximo ano, as estimativas melhoraram: o déficit primário projetado caiu de R$ 81,8 bilhões para R$ 75,4 bilhões, uma redução de R$ 6,4 bilhões em comparação com a previsão de setembro.
A dívida pública também deve crescer menos, com projeção ajustada de 83,7% do PIB, ante 83,8% antes.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2026), enviado ao Congresso, estabelece uma meta de superávit primário de 0,25% do PIB, o que indica a intenção do governo de arrecadar mais do que gastar.
Inflação em queda e aumento do poder de compra
A inflação oficial (IPCA) deve continuar a reduzir gradualmente, ficando em 4,6% em 2025 e 3,5% em 2026.
A previsão considera a adoção da bandeira amarela na conta de energia em dezembro. Caso o país mantenha a bandeira verde, é possível que a inflação permaneça dentro da meta ainda em 2025.

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