Economia
Mauro Vieira espera resposta dos EUA sobre tarifaço na próxima semana
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, comunicou na noite de quinta-feira que Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, indicou que o governo americano deverá responder em breve à proposta feita pelo Brasil referente ao tarifaço nas exportações brasileiras, possivelmente amanhã ou na próxima semana.
Nos últimos dois dias, Vieira se encontrou com Rubio no Canadá e em Washington. A proposta brasileira foi apresentada em uma reunião técnica de alto nível com o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer, no início deste mês, e consiste em um acordo temporário para suspender esse tarifaço por até três meses enquanto se negocia um acordo comercial definitivo.
Em diálogo com jornalistas em Washington, Vieira explicou que, durante uma videoconferência de alto nível técnico, representantes do Ministério das Relações Exteriores, Fazenda e Indústria e Comércio discutiram a proposta com a contraparte americana. Segundo o ministro, a resposta do secretário de Estado foi que estão avaliando o tema com atenção e desejam uma resolução rápida, com uma resposta prevista para breve.
Rubio também afirmou que o presidente Donald Trump tem interesse em resolver essa questão e melhorar as relações com o Brasil. Rubio relatou que Trump mencionou sua vontade de avançar logo e manter uma boa relação entre os países, reforçando o desejo de um acordo provisório até o final deste mês ou início do próximo, que estabeleça um roteiro para negociações mais longas.
O chanceler brasileiro vê esses encontros como um forte sinal do interesse do governo americano em solucionar os pontos pendentes e demonstrar uma aproximação entre as nações.
Apesar desses avanços, Vieira destacou que as discussões ainda foram gerais e não aprofundaram as especificidades dos setores afetados pelo tarifaço. A reunião seguiu-se a um breve contato de cinco minutos entre os dois ministros na véspera, que teve caráter simbólico para manter canais políticos abertos e mostrar disposição para negociar.
O Brasil tem solicitado a suspensão temporária do tarifaço e das sanções a autoridades brasileiras, posição já reforçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversas com Donald Trump. Desde agosto, os Estados Unidos aplicaram uma sobretaxa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, justificando a medida como retaliatória à suposta perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afetando setores como café, carne e máquinas industriais.
O impacto econômico para o Brasil é significativo, com déficit comercial crescente no comércio bilateral desde a implementação do tarifaço.
As autoridades brasileiras defendem que as sanções não têm base econômica sólida, uma vez que os EUA ainda possuem superávit comercial na relação. Além disso, o Brasil busca evitar novas sanções relacionadas a uma investigação vigente que avalia práticas comerciais digitais e financeiras.
Apesar da falta de avanços concretos, o encontro recente é encarado como um passo importante para reduzir as tensões e iniciar um processo cauteloso de reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos.


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