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Governo usa envolvimento de ex-ministro de Bolsonaro para amenizar crise de Lula
Diante do impacto causado pela prisão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, o governo busca dividir a culpa com a administração de Jair Bolsonaro, encontrando nas acusações contra o ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira uma oportunidade para essa estratégia. Oliveira foi alvo de um mandado de busca e apreensão na quinta-feira e começou a utilizar tornozeleira eletrônica.
A investigação da Polícia Federal (PF) indica que um ex-subordinado de Bolsonaro teria recebido uma suposta propina de R$ 100 mil. Conforme decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro desempenhou um papel “estratégico” para o funcionamento e proteção do esquema de fraudes.
O inquérito revela que, enquanto diretor de benefícios do INSS, cargo que ocupou antes de ser ministro, Oliveira autorizou o desbloqueio e repasse de R$ 15,3 milhões para a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), suspeita de utilizar empresas fantasmas para lavar dinheiro desviado por descontos irregulares na folha dos aposentados.
Para auxiliares do presidente Lula, o foco da investigação em Oliveira ajuda a reduzir os efeitos políticos negativos, reforçando a percepção de que o desgaste do governo já ultrapassou a fase mais crítica, que ocorreu no primeiro semestre com as primeiras revelações.
Esse posicionamento busca diminuir o impacto causado pela prisão de Stefanutto e pela suspeita de que ele recebia uma propina mensal de R$ 250 mil da mesma Conafer, também investigada pela PF.
Apesar da prisão, aliados de Lula entendem que as apurações indicam que o esquema não está restrito a um governo específico.
Na visão do atual governo, a operação da PF dessa quinta-feira reforça que o esquema estava ativo durante a gestão de Jair Bolsonaro.
Assessores presidenciais destacam que os investigados na PF alternaram cargos no INSS ao longo dos governos, atuando como servidores do próprio instituto em diferentes posições ao longo dos anos.
Além disso, o governo aproveita politicamente o fato de que as punições, como prisões e afastamentos, ocorreram agora, sob a presidência de Lula. Ministros acreditam que as próximas fases da operação demonstrarão que os envolvidos estão sendo investigados e responsabilizados, e que as investigações continuam mesmo após o caso perder destaque midiático.
Outro aspecto importante é destacar que os valores descontados indevidamente estão sendo ressarcidos aos beneficiários lesados.
Na quarta-feira, o governo firmou um termo aditivo homologado pelo STF que estende por mais três meses o prazo para que beneficiários contestem descontos incorretos.
O prazo, que terminaria nesta sexta-feira, foi ampliado até 14 de fevereiro de 2026. Até o momento, o INSS já reembolsou aproximadamente 3,7 milhões de segurados, entre aposentados e pensionistas, totalizando cerca de R$ 2,5 bilhões devolvidos.

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