Economia
Dólar estabiliza e cai 0,72% na semana
O dólar finalizou a sexta-feira, dia 14, praticamente estável e abaixo de R$ 5,30 pelo quarto dia consecutivo. O mercado apresenta baixa movimentação, refletindo forças contrárias na formação do câmbio.
De um lado, o aumento de mais de 2% no preço do petróleo e a provável entrada de recursos estrangeiros na bolsa brasileira pressionaram o dólar para baixo. Por outro lado, a elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e o fortalecimento da moeda americana ante moedas fortes reduziram o interesse por moedas emergentes.
No início do pregão, o dólar até tentou subir, passando da marca dos R$ 5,30 e alcançando R$ 5,3169. Porém, essa alta foi breve e a moeda americana recuou, chegando a R$ 5,2735 no começo da tarde, acompanhando a alta do Ibovespa, que superou 158 mil pontos.
Ao final do dia, o dólar à vista fechou cotado em R$ 5,2973 (-0,02%), nos níveis mais baixos desde junho de 2024. A moeda americana acumulou perda de 0,72% na semana frente ao real, com queda de 1,54% nas duas primeiras semanas de novembro, após alta de 1,08% em outubro. No acumulado do ano, a queda é de 14,29%.
O gestor de fundos multimercados da AZ Quest, Eduardo Aun, comenta que o real teve um comportamento semelhante ao de outras moedas emergentes na última semana, como o dólar australiano, rand sul-africano e os pesos mexicano, chileno e colombiano.
“Nominalmente, o desempenho do real tem sido próximo ao dos seus pares nos últimos meses. Não há fator específico só do Brasil. Entretanto, quando considerado o ‘carrego’, o retorno total do real foi superior ao dos pares”, explica Aun, ressaltando que os ativos domésticos foram favorecidos por uma rotação global de investimentos em direção a mercados emergentes.
No cenário internacional, o índice DXY — que mede o dólar contra seis moedas fortes — teve leve alta, chegando a 99.300 pontos no fim da tarde. No entanto, semanalmente, o índice caiu cerca de 0,25%, acumulando recuo de 0,40% no mês e 8,47% no ano.
Aun, da Az Quest, destaca que o cenário externo está repleto de incertezas, sobretudo pela proximidade da divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos, como inflação e emprego, que foram afetados pelo maior shutdown da história do país.
“O Federal Reserve está dividido sobre a continuidade dos cortes de juros em dezembro. O mercado atribui cerca de 50% de chance para redução. Alguns indicadores recentes foram fracos, mas ainda não temos dados definitivos de inflação e emprego desde setembro”, afirma Aun. Ele acrescenta: “É difícil tomar uma posição em relação ao real agora, pois se os dados americanos se mostrarem fortes, o dólar provavelmente vai se valorizar”.
Entre as autoridades do Fed, houve opiniões divergentes nesta sexta. O diretor Stephen Miran, nomeado pelo presidente Donald Trump, voltou a defender uma postura mais flexível, com novos cortes de juros.
Contrariamente, a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, afirmou que será complicado apoiar a redução dos juros em dezembro, devido às pressões inflacionárias que não se explicam apenas pelas tarifas impostas por Trump.

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