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Empresários de Brasília são ligados a esquema de fraudas no INSS

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O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transferências milionárias e saques suspeitos que conectam empresários de Brasília a duas associações que faturaram R$ 263 milhões relacionados a descontos irregulares sobre aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conforme revelado pelo Metrópoles. Essas associações registram formalmente aposentados como seus representantes, porém os empresários do setor de seguros e clubes de benefícios são apontados como os verdadeiros beneficiários.

Esses empresários foram destaque na série de reportagens ‘Farra do INSS’, que revelou operadores de associações atuando em nome de aposentados vulneráveis, residentes em periferias de grandes cidades como São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Eles controlam um grupo de seguradoras e clubes de benefícios que enfrentam processos judiciais por descontos indevidos em débito automático apontados por bancos.

Conforme divulgado pelo Metrópoles, Gutemberg Tito e Zacarias Canuto Sobrinho são sócios da empresa Thinking Blue, que oferecia serviços para aposentados associados à União Brasileira de Aposentados da Previdência (Unibap) e à Associação de Amparo aos Aposentados e Pensionistas do Brasil, atualmente chamada Ampaben — no auge das investigações, nomeada como Abenprev. A primeira associação obteve R$ 183 milhões com descontos sobre aposentadorias, enquanto a segunda faturou R$ 80 milhões.

As entidades realizavam repasses financeiros vultosos para empresas vinculadas ao grupo. A Thinking Blue, por exemplo, recebeu R$ 1,8 milhão dessas associações, e outra empresa do grupo recebeu R$ 11 milhões da Abenprev. Em uma das transações, R$ 290 mil foram depositados de uma só vez na conta de Zacarias. Tito também efetuou saques fracionados de altos valores diretamente nas agências bancárias.

Entre abril e junho de 2025, Tito sacou R$ 173 mil em espécie de empresas associadas a esse esquema, incluindo operações em agências de Brasília, mesmo após a deflagração da Operação Sem Desconto, que investiga essa rede de entidades.

O relatório do Coaf sugere que a presidente da Ampaben pode ser uma figura de fachada, enquanto a pessoa que realmente responde pela associação é Gutemberg Tito. Registros indicam que as comunicações das associações são direcionadas a funcionários da empresa Pryde Seguros. O grupo usou contatos e endereço dessa empresa para tentar criar outra associação, a Abenpreb, em Brasília.

A Abenpreb, com nome muito semelhante a outra entidade do grupo, firmou acordo com o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, investigado por suspeita de recebimento de propinas do esquema. Em 2024, a Abenpreb foi uma das sete entidades que receberam acordos oficiais de Fidelis, mas tiveram seus descontos suspensos após a divulgação das reportagens.

Os empresários ligados a essas associações também conduzem o Clube Multual de Benefícios, que oferece serviços de seguros. Este clube tem sido denunciado por clientes de bancos por descontos não autorizados via débito automático em suas contas. Filiados afirmam, inclusive, desconhecer o propósito do Multual.

Desde o lançamento da série ‘Farra do INSS’, o Metrópoles tentou contato com Gutemberg Tito e Zacarias Canuto Sobrinho, mas ambos permanecem sem se manifestar.

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