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Conflito na Câmara abala relação entre Planalto e Motta

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A nomeação do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário licenciado de Segurança Pública no governo Tarcísio de Freitas, como relator do projeto de lei Antifacção, uma das principais iniciativas do governo Lula para combater a crise na segurança pública, gerou desconfiança no Palácio do Planalto em relação ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Este episódio se junta à rejeição, em junho, do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Em conversas internas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou insatisfação com Motta, afirmando que a autoria do projeto foi desviada do Executivo devido às alterações propostas pelo relator, notório representante da direita na área de segurança.

Motta defende publicamente seu direito de escolher o relator e destaca a experiência de Derrite no comando da segurança em São Paulo. Ele também reclama de críticas vindas do PT. Procurado, o deputado não comentou o assunto.

Para o governo, a indicação de Derrite é vista como desrespeitosa, principalmente porque o governador de São Paulo, provável candidato presidencial apoiado por Motta, poderia estar influenciando suas decisões. Ambos são do mesmo partido.

Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, criticou a escolha, dizendo que o projeto, trabalhado pelo governo por seis meses, não deveria ter seu relator definido de forma improvisada, ainda mais com um texto que parece enfraquecer a Polícia Federal.

A tensão se intensifica devido ao precedente da derrubada do decreto do IOF, anunciada por Motta em uma madrugada de junho, ação que o governo considerou uma quebra de acordo. Após isso, ele passou a ser criticado por grupos de esquerda.

Apesar desse clima, governistas acreditam que as disputas pessoais devem ser superadas para permitir o diálogo necessário à aprovação de pautas importantes. O presidente da Câmara depende do Palácio para liberação de recursos, o que também dificulta um rompimento aberto.

Antes de anunciar a escolha de Derrite, Motta informou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que pediu reconsideração, temendo que a indicação prejudicasse o debate do projeto. Após a divulgação do relatório, Gleisi tentou dialogar, mas não houve acordo, e passou a criticar publicamente a decisão.

Aliados do governo avaliam que Motta, 36 anos, ainda não tem a experiência necessária para lidar com as pressões do cargo. Recentemente, ele buscou reaproximação com o governo, o que incomoda setores bolsonaristas.

O PT destaca que Motta havia prometido fortalecer a base governista depois da crise do IOF, mas continuou a adotar posições que desagradam o governo, como a tentativa de suspender a ação penal contra deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), acusado por calúnia.

Petistas lembram que a relação de Motta com o governo pode influenciar na candidatura ao Senado de seu pai, Nabor Wanderley, atual prefeito de Patos (PB).

Em conversa com aliados, o presidente Lula tem cobrado lealdade, ressaltando que o PT apoiou a eleição de Motta para líder da Câmara a pedido do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL), que o recomendou. A ligação política de Motta com o governo foi vista inicialmente com otimismo.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que busca manter o diálogo para evitar um rompimento.

Procurada, Gleisi Hoffmann disse que já declarou todas as considerações sobre as relações entre o governo e Motta durante a semana.

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