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Defesa de ex-sócio de Lulinha nega lobby no MEC e afirma que pagamentos foram para serviços

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Kalil Bittar, empresário e ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, figura entre os investigados pela Polícia Federal em uma operação que apura superfaturamento em contratos de compra de material escolar por prefeituras no estado de São Paulo. Ele declara, através de sua defesa, que reside em Portugal há dois anos e que os valores recebidos de André Mariano, apontado como líder do esquema, foram referentes à prestação de serviços tecnológicos e não para atividades de lobby em favor da empresa Life.

Em uma ação ocorrida na última quinta-feira, agentes federais cumpriram mandados em uma residência associada a Kalil no Lago Sul, em Brasília, mas não o encontraram. A Justiça autorizou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do empresário entre janeiro de 2021 e agosto de 2025, além da apreensão de seu passaporte. A operação conjunta com a Controladoria-Geral da União resultou na prisão de cinco pessoas e em mais de 50 mandados cumpridos em três estados.

Além de Kalil, a ex-nora do presidente Lula, Carla Ariane Trindade, também é apontada como participante do esquema, ambos considerados colaboradores de Mariano. Segundo a polícia, eles teriam papel na obtenção de verbas do Ministério da Educação para compras superfaturadas de livros e kits de robótica, beneficiando a Life com contratos abusivos, chegando a valores 35 vezes acima do mercado, firmados com fraudes e conivência de agentes públicos municipais.

A defesa declara que Kalil e Carla são amigos há três décadas, mas que ele nunca buscou negócios, especialmente com o setor público, para a Life. Ressalta-se que Kalil reside em Portugal e dedica-se exclusivamente a atividades privadas. Documentos da investigação indicam que o contato entre Kalil e Mariano teria começado em dezembro de 2021, com encaminhamento antecipado de edital em Hortolândia.

O inquérito destaca mensagens que indicam a confiança do dono da Life na influência que Kalil teria em ministérios e em estados governados pelo PT. Entre 2022 e 2024, foram realizadas transferências de aproximadamente R$ 150 mil para contas do empresário e da esposa, além de uma doação de um veículo BMW 540I, que chegou a ser negociado para transferência, mas sem conclusão.

Segundo seu advogado, Kalil recebeu esses recursos por serviços ligados ao desenvolvimento tecnológico e não realizou atividades comerciais relacionadas à empresa investigada. Quanto ao carro, ele teria utilizado o veículo emprestado ocasionalmente e tentou comprá-lo, mas não houve acordo financeiro.

A investigação ainda sugere que Kalil teria participado de uma comitiva governamental à China em 2024; contudo, sua defesa afirma que ele não integrou oficialmente a comitiva e que suas viagens ao país asiático são para tratar de assuntos privados nas áreas de tecnologia e comunicação, sem relação com o setor público brasileiro.

O relacionamento de Carla com Mariano teria sido facilitado por Kalil e pelo secretário de educação de Hortolândia, Fernando Moraes, preso preventivamente. Documentos indicam que Carla ajudava a resolver questões burocráticas em Brasília, com verbas oriundas de propinas disfarçadas e operações financeiras ilícitas.

Ela teria viajado a Brasília pagas por Mariano para defender interesses privados dele junto a órgãos públicos, especialmente buscando recursos e contratos, atuando principalmente junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que libera verbas para municípios adquirirem materiais e melhorias educacionais.

Apesar das investigações, não há até o momento indícios de envolvimento direto de integrantes do governo federal, sugerindo que os servidores investigados atuam em níveis inferiores da administração pública.

O histórico mostra que Kalil foi sócio de Lulinha na Gamecorp, empresa de conteúdo para jogos eletrônicos que esteve sob investigação mas que foi arquivada. Ele é irmão de Fernando Bittar, vinculado ao sítio de Atibaia em documentos públicos. São filhos de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e um dos fundadores da CUT e do PT.

Por sua vez, Carla foi casada com Marcos Cláudio, filho adotivo de Lula e sua falecida esposa Marisa Letícia. O casal tem um filho, neto do presidente, que milita no PT e estava presente na casa da mãe durante a operação policial.

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