Economia
Deputados discutem desafios do setor sucroenergético
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizará no dia 1º de dezembro, às 9h30, uma audiência pública para debater os problemas que afetam a produção de cana-de-açúcar no estado. Os produtores enfrentam perdas superiores a 33% no valor da matéria-prima, resultado da queda nos preços internacionais do açúcar e do recente aumento nas tarifas dos Estados Unidos sobre o produto brasileiro.
A iniciativa foi solicitada pela Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) e pelo Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco (Sindicape), com o apoio do deputado Antônio Moraes (PP). O evento deve gerar recomendações ao governo estadual e ao Congresso Nacional.
Contexto
Segundo o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, a situação ultrapassa as flutuações habituais e representa uma crise séria para o setor: “O aumento das tarifas nos Estados Unidos é só a parte visível de um problema maior que impactou profundamente tanto as usinas quanto os produtores.”
A desvalorização do preço da tonelada da cana é o principal ponto crítico. Alexandre Andrade destaca que, apesar dos preços internacionais do açúcar não estarem tão baixos, os produtores enfrentam dificuldades significativas. “Poucos conseguirão pagar suas dívidas, porque os custos não estão compensando. Os produtores não terão recursos suficientes para o cultivo adequado da cana,” explicou. No ano anterior, o preço estava em R$ 175 por tonelada; agora, a AFCP estima R$ 134,31, valor equivalente ao negociado em 2021. Essa queda ameaça a sustentabilidade do setor.
Medidas de apoio
Diante dessa situação, o setor busca apoio no Congresso para incluir um auxílio emergencial na Medida Provisória nº 1.309, de 13 de agosto de 2025, que trata do Plano Brasil Soberano. Essa MP visa ajudar os exportadores brasileiros impactados pelo aumento das tarifas americanas, oferecendo crédito e apoio específico.
“Propusemos uma emenda que prevê um subsídio de R$ 12 por tonelada para os produtores do Nordeste, para que possam sobreviver até a próxima safra, pois a situação é crítica,” afirmou Alexandre Andrade.
Além disso, a AFCP e outras entidades da região mantêm diálogo com o relator da MP, senador Fernando Farias (MDB-AL), com o presidente da comissão mista, deputado Cezinha (PSD-SP), e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem dado total apoio ao setor.
Impacto regional
Para o consultor empresarial Gregório Maranhão, o que ocorre não é uma simples baixa sazonal, mas a pior crise em vinte anos, especialmente severa no Nordeste. Ele destaca o papel da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) como um importante instrumento regional para coordenar esforços.
“Estamos construindo, por meio dessa entidade que representa os estados produtores do Nordeste, um movimento para que qualquer recurso disponibilizado pelo governo não seja visto como um favor, mas como um investimento no desenvolvimento estadual,” comentou Gregório. A Unida representa mais de 20 mil produtores em cerca de 200 municípios da região.
Perspectivas
O setor espera que a audiência de 1º de dezembro resulte em um documento oficial a ser encaminhado ao governo de Pernambuco e aos parlamentares federais responsáveis pelas proposições. “Estamos ansiosos pela audiência pública, pois ela nos permitirá encaminhar uma recomendação formal ao governo estadual para ações emergenciais,” concluiu Gregório Maranhão.

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