Notícias Recentes
Quem é a orixá Iansã, retratada por criança, que gerou controvérsia em escola
Iansã é uma guerreira valente e a protetora dos ventos, raios e tempestades, sendo uma divindade das religiões afro-brasileiras, também chamada de Oiá (ou Oyá, no idioma iorubá). Recentemente, uma aluna de quatro anos da Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Antônio Bento, localizada na região do Caxingui, zona oeste de São Paulo, fez um desenho da orixá como parte de uma atividade escolar. Essa atividade, que integra o currículo antirracista da Secretaria Municipal da Educação (SME), desencadeou uma polêmica quando o pai da criança rasgou um mural com os trabalhos dos alunos, que têm entre quatro e seis anos de idade, e após, chamou a Polícia Militar (PM) para a escola.
Ocorre que os policiais militares chegaram fortemente armados, o que causou desconforto entre as crianças e os funcionários. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) está investigando a conduta dos policiais, e a Prefeitura de São Paulo está acompanhando o caso junto à ouvidoria da PM.
Ligação da orixá com crianças
A história de Iansã é rica em mitos; ela é descrita como poderosa, ousada e altiva, e acredita-se que seja mãe de nove crianças, conforme a mitologia atribuída à orixá. Relatos contam que, após um sacrifício, ela conseguiu se tornar mãe de nove filhos, simbolizados por nove colheres.
Segundo Kátia Luciana Sampaio, conhecida como Mam’etu Kutala Diamuganga e filha da orixá, que também é sacerdotisa do terreiro de candomblé Abassá Oxum e Oxóssi, na zona leste de São Paulo, a aluna baseou seu desenho em uma dessas nove crianças.
Interação entre escola, família e polícia
O episódio ocorrido no dia 12 de novembro provocou repercussões importantes. A direção da escola convidou o pai da aluna para uma reunião do Conselho da Escola, que ele não compareceu, optando por acionar a polícia militar. Os policiais permaneceram na instituição por pouco mais de uma hora, período em que o atendimento aos agentes foi considerado hostil por testemunhas. A supervisora de ensino também participou da ocasião.
A direção da escola ressaltou às autoridades que as atividades seguem a legislação brasileira — incluindo a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira estabelecida pelas leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 — e que a ação não tinha caráter de doutrinação, pois as crianças ouviram a narrativa de um livro e, em seguida, fizeram um desenho coletivo.
Em nota oficial, a SSP declarou que policiais orientaram as partes a registrar boletim de ocorrência caso achassem necessário, e informou que a Corregedoria da PM está disponível para apurar eventuais denúncias sobre a conduta policial. O uso do armamento, mesmo pesado como metralhadoras, foi explicado como parte do Equipamento de Proteção Individual (EPI) utilizado durante todo o turno.
Por sua vez, a Prefeitura de São Paulo, através da SME, afirmou que o pai da aluna recebeu explicações sobre o trabalho, destacando que o desenho faz parte de uma produção coletiva do grupo, prevista em propostas pedagógicas que integram o currículo da cidade, que inclui o ensino obrigatório da história e cultura afro-brasileira e indígena.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login