Economia
Encontro final sobre Transnordestina reúne governo e indústria em Suape
Gestores públicos, especialistas, representantes do setor produtivo e da sociedade civil participaram ontem do encerramento do ciclo de debates do seminário Conexões Transnordestina, realizado no auditório do Porto de Suape. Estiveram presentes a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra; o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro; a vice-presidente da Folha de Pernambuco, Mariana Costa; a diretora de Marketing do Grupo EQM, Joanna Costa; a CEO do Movimento Econômico, Patrícia Raposo; o diretor da Infra S.A., André Luiz Ludolfo; o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre; e o presidente de Suape, Armando Monteiro Bisneto.
Etapa Final
Este encontro representou a etapa conclusiva de uma série que teve início em julho com eventos em Salgueiro, Araripina, Petrolina, Belo Jardim e Caruaru. Conforme os organizadores, o principal objetivo foi estabelecer uma agenda conjunta que aborde logística, crescimento produtivo e planejamento regional para a ferrovia, ação promovida pelo portal Movimento Econômico, com patrocínio da Sudene e do Porto de Suape.
Eduardo de Queiroz Monteiro destacou a relevância de realizar a última etapa dentro do complexo portuário. Segundo ele, “Fazer um evento sobre a Transnordestina na sede de Suape tem uma simbologia muito grande. Essa iniciativa é louvável, porém insuficiente. É necessário unir Pernambuco além das diferenças políticas para impulsionar a construção desse modal.”
A governadora Raquel Lyra reforçou a importância da ferrovia para o futuro econômico do estado: “A Transnordestina é um sonho que dura 200 anos. Começou a sair do papel há 15 anos após uma decisão do presidente Lula. No Sudeste e Sul, existem investimentos dessa ordem feitos rapidamente; a mobilização faz a diferença, e agora é a nossa vez.”
Painel de Debate
O painel das 18h contou com Patrícia Raposo, André Luiz Ludolfo, Francisco Alexandre, o especialista em transporte e professor Maurício Pina, e o consultor de logística e professor da Universidade de Pernambuco (UPE), Guilherme Magalhães.
Debateram os benefícios previstos da ferrovia para o porto, incluindo maior eficiência no fluxo de cargas, atração de novas rotas de navegação e fortalecimento da competitividade logística em Pernambuco. Também destacaram os impactos econômicos ao longo do corredor, com ganhos potenciais para o polo de gesso do Araripe, a fruticultura do Vale do São Francisco e centros de distribuição em torno de Salgueiro.
Estratégia a Longo Prazo
Armando Monteiro Bisneto ressaltou o papel essencial da Transnordestina para o porto: “A ferrovia é vital para o desenvolvimento de Suape, para a movimentação de cargas como grãos, minérios, frutas do São Francisco e gipsita do Araripe. Estou feliz com a mobilização da sociedade sobre essa importância. A Transnordestina vai sair do papel.”
O superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, avaliou positivamente o ciclo: “Este movimento conclui com êxito a missão de trazer à tona, para a sociedade, um debate prioritário sobre o progresso do estado.”
Estado da Obra
O trecho entre Salgueiro e Suape, com 544 km, está parado desde 2016, com 179 km já concluídos. O avanço recente foi o lançamento do edital da Infra S.A., em 31 de outubro, para contratação das obras de retomada. A previsão inclui 73 km entre Custódia e Arcoverde, com orçamento de R$ 415 milhões. A abertura das propostas ocorrerá em janeiro, com início das obras esperado para o primeiro trimestre de 2026.
Originalmente, o traçado da ferrovia, iniciado em 2006, ligaria Eliseu Martins (PI) a dois portos: Pecém (CE) e Suape (PE). Em 2022, a concessionária TLSA devolveu o trecho pernambucano, citando inviabilidade econômica. O trecho Eliseu Martins–Salgueiro–Pecém segue em execução, com conclusão prevista para 2027 e parte do trecho cearense próxima de testes. Para Pernambuco, a expectativa é finalizar até 2029, com operação futura por concessão ou parceria público-privada.

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